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Ao menos 11 morrem em protestos contra o governo no Egito

Polícia do Cairo reprime manifestantes que exigem saída de junta militar acusada de querer permanecer no poder

Tensão ocorre às vésperas de primeiro pleito parlamentar após a queda do ditador Mubarak, em fevereiro

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Khalil Hamra/Associated Press
Manifestante atira pedra contra policiais na praça Tahrir, no centro do Cairo
Manifestante atira pedra contra policiais na praça Tahrir, no centro do Cairo

Em um novo dia de confrontos entre policiais egípcios e manifestantes, ao menos 11 pessoas morreram e centenas ficaram feridas ontem no Cairo.

A escalada da tensão reflete a frágil situação política e institucional que o país atravessa dez meses após o levante que derrubou o ditador Hosni Mubarak e levou ao poder um governo militar de transição.

Policiais usaram cassetetes, balas de borracha e gás lacrimogêneo para retirar os manifestantes que se reuniram na praça Tahrir, no centro do Cairo, para protestar contra a junta militar que eles acusam de tentar se manter no poder pelo menos até o final do ano que vem.

Os generais negam e prometem que estão mantidas as eleições legislativas parlamentares do próximo dia 28, as primeiras pós-revolução, e afirmam que o Exército respeitará o resultado das urnas.

O processo eleitoral vem gerando tensão porque os partidos políticos e o governo não conseguem chegar a um acordo sobre o anteprojeto constitucional, que coloca os militares a salvo de qualquer supervisão parlamentar, potencialmente permitindo que as Forças Armadas desafiem um futuro governo eleito.

O pleito é acompanhado com muita atenção no mundo porque é considerado um teste importante para o avanço da democracia na região após a chamada Primavera Árabe, que derrubou três governos autoritários e ameaça vários outros.

Apesar das promessas da junta militar, vários partidos e candidatos anunciaram que estão suspendendo as suas campanhas eleitorais.

Alguns críticos afirmam, porém, que as eleições parlamentares não terão sentido se não forem acompanhadas da retirada dos militares do comando do país.

Ao mesmo tempo, existe o temor de que o cancelamento ou o adiamento do pleito possa exacerbar a violência.

Muitos manifestantes prometem continuar na praça Tahrir até que os militares egípcios deixem o poder.

Ao contrário do que ocorreu no início deste ano, as novas revoltas parecem ser mais espontâneas e menos organizadas -há poucos movimentos políticos presentes nos protestos da praça Tahrir.

O atual movimento é tido como um sinal da impaciência da população com o atual regime, visto como pouco transparente e incapaz de atender a problemas como desemprego e inflação.

O ministro da Cultura, Emad Abu Ghazy, anunciou ontem sua renúncia em protesto pelo uso da violência policial contra os manifestantes, que já dura quatro dias.

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