Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Premiê japonês diz que intervirá para consertar Fukushima
Técnicos admitem que vazamento contínuo de água radioativa já gera contaminação no oceano Pacífico
Plano para interromper o vazamento que parte do subterrâneo inclui o congelamento da terra ao redor de Fukushima
"Estabilizar a usina de Fukushima é o nosso desafio. Em especial, a água contaminada é questão urgente, que gera inquietaçãoSHINZO ABEpremiê do Japão
O premiê japonês, Shinzo Abe, afirmou ontem que seu governo irá intervir para ajudar a estabilizar a situação na usina nuclear de Fukushima, danificada pelo um terremoto seguido de tsunami que ocorreu em março de 2011.
Os vazamentos contínuos de água contaminada e a notícia recente de que a radiação alcançou o oceano Pacífico expuseram o fracasso da operadora, a Tepco (companhia de energia elétrica de Tóquio), em conter o problema.
Um representante do governo afirmou ontem que a estimativa é que 300 toneladas de água contaminada estejam chegando ao mar, todos os dias. O premiê descreveu o caso como uma "questão de urgência" e disse que o governo precisa usar recursos para ajudar a operadora.
Segundo autoridades, a "muralha química" construída em junho não conseguiu conter a água contaminada, que passa por sobre a barreira e chega ao Pacífico.
O problema aparece depois de uma série de acidentes neste ano, incluindo outros vazamentos de água contaminada e uma interrupção parcial do fornecimento de energia elétrica provocada pela presença de um rato em uma placa de circuito.
"Não podemos deixar o problema só a cargo da Tepco", disse Abe a ministros reunidos para discutir a usina. "Precisamos enfrentar isto em nível nacional."
NOVO PLANO
O premiê não especificou o que o governo fará, mas a mídia local cogita uma ajuda para pagar uma nova muralha, de gelo, em torno do reator danificado.
O plano prevê o congelamento do solo para cortar a penetração da contaminação nas águas subterrâneas próximas e, com isso, acabar com o vazamento.
Para isso será necessário uma muralha de gelo de quase 1,6 km de comprimento e que penetre mais de 33 metros abaixo da superfície.
Nunca, ainda de acordo com as autoridades japonesas, se tentou construir uma muralha de gelo de tais dimensões, o que torna improvável que a Tepco conseguisse fazê-lo sem ajuda.
"Não existe precedente no mundo de criar uma muralha de solo congelado em escala tão grande para proteger água", disse, em entrevista, o porta-voz principal do governo, o chefe de gabinete Yoshihide Suga. "Será preciso o apoio do Estado."
O governo deverá pedir ao Parlamento pela liberação de verba para o projeto, que pode levar décadas para ser concluído. Seria a primeira vez em que o governo japonês liberaria dinheiro público para o conserto da usina.
O Estado japonês só havia destinado verbas para cobrir os custos do acidente na central e a indenização dos moradores da região, estimadas em US$ 30 bilhões (R$ 69 bi).