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Moscou reforça repressão a trabalhador imigrante

Cerca de 1.500 estrangeiros foram presos na capital russa em duas semanas

Detidos ficam em um acampamento na cidade sob condições precárias, num cenário de zona de guerra

STEVEN LEE MYERS ANDREW ROTH DO "NEW YORK TIMES", EM MOSCOU

Tudo começou com a detenção de um suspeito de estupro em um mercado de rua há duas semanas. Surgiu uma briga e um policial foi ferido.

O episódio teria sido esquecido se não tivesse se transformado em uma abrangente campanha do governo contra os imigrantes.

Nos dias após o incidente, a polícia fez buscas nos mercados de toda Moscou, em fábricas clandestinas, no sistema de metrô e nas ruas.

Pela mais recente contagem, quase 1.500 estrangeiros foram presos. O número inclui 586 detidos --a maioria vietnamitas-- em um acampamento que parece uma zona de guerra no centro da capital.

"É absolutamente normal", disse o prefeito Sergei Sobyanin. "Em qualquer sociedade, se uma situação de emergência surge, o governo e a sociedade começam a agir com mais aspereza".

Svetlana Gannushkina, diretora do Civil Assistance, que defende os direitos de refugiados, denuncia o acampamento como "um local ilegal de detenção", que recebe inocentes e até pessoas autorizadas a trabalhar.

A Human Rights Watch classificou como desumanas as condições do acampamento e exigiu que as autoridades o fechem. Entre os detidos, estão cidadãos de ex-repúblicas soviéticas, como Uzbequistão, Quirguistão e Tadjiquistão, além de Síria, Afeganistão e Egito.

Os primeiros 31 trabalhadores vietnamitas foram deportados no final de semana.

As buscas, que críticos definiram como "zachitski", termo para operações de limpeza étnica ocorridas na guerra da Tchetchênia, são apoiadas por dois terços dos russos, que dizem que imigrantes reforçam o crime e a corrupção.

Campanhas contra imigrantes e migrantes acontecem de modo rotineiro e são inflamadas pelo racismo contra muçulmanos de províncias do norte do Cáucaso e das antigas repúblicas da Ásia Central.

A detenção de um russo no Tadjiquistão em 2011 gerou uma campanha semelhante contra trabalhadores tadjiques em todo o país. E as buscas também são influenciadas pelo momento político.

"Eles estão basicamente explorando a xenofobia, tão prevalecente em Moscou", disse Tanya Lokshina, da Human Rights Watch, culpando a campanha eleitoral em curso pelo fervor da mais recente campanha repressiva.

Sobyanin, indicado para a prefeitura em 2010, fez da limpeza dos desordenados mercados de rua de Moscou uma de suas metas políticas.

Vladimir Putin disse que nem religião nem raça têm relevância para a campanha, mas acrescentou que o governo precisa fazer mais para combater a ilegalidade que fez um policial "ter o crânio fraturado".


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