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Militares massacram opositores no Egito

Exército desmonta acampamentos de apoiadores de presidente deposto; número de mortos é de ao menos 278

Governo decreta estado de emergência; vice-presidente interino, Mohammed ElBaradei renuncia em protesto

DIOGO BERCITO DE JERUSALÉM

As forças de segurança egípcias desmontaram ontem dois acampamentos de apoiadores do presidente deposto Mohammed Mursi no Cairo, deflagrando uma onda de violência que deixou centenas de mortos pelo país, levou a divisões dentro do próprio governo interino e provocou reação internacional.

Até o início da noite de ontem em Brasília, o Ministério da Saúde do Egito havia confirmado 278 mortos e mais de 2.000 feridos nos confrontos. Foi o dia mais violento no Egito desde a queda do ditador Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011.

No entanto, Gehad el-Haddad, porta-voz da Irmandade Muçulmana, organização à qual Mursi é ligado, dizia que o número de vítimas fatais passava de 2.000.

Os confrontos começaram após veículos blindados cercarem, por volta das 7h de ontem (2h em Brasília), os dois acampamentos montados por islamitas para pressionar o governo depois da deposição de Mursi, em 3 de julho.

Mursi foi afastado do poder por um golpe militar, após milhares de pessoas terem ido às ruas protestar contra seu governo, abalado pelo desempenho econômico ruim e por medidas consideradas excessivamente islâmicas por seus opositores.

Primeiro presidente eleito democraticamente no país, ele atualmente está detido em local não identificado.

Com o ataque aos acampamentos, muitos islamitas foram às ruas em repúdio à ação do governo, o que fez com que os confrontos se espalhassem, inclusive para outras cidades, como Alexandria e Ismailia. O governo decretou estado de emergência e impôs toque de recolher em várias províncias.

O presidente interino, Adly Mansur, indicado para o cargo após o golpe, também ordenou que os militares ofereçam apoio à polícia para "restaurar a ordem no país".

Diante da situação, o vice-presidente interino e prêmio Nobel da Paz Mohammed ElBaradei renunciou ao cargo, afirmando não suportar a responsabilidade por decisões de que discorda.

Ele havia sido alvo de críticas ao apoiar o golpe e aderir ao governo interino.

Em sua conta na rede de microblogs Twitter, a iemenita e também Nobel da Paz Tawakul Karman disse que "ElBaradei, [o general Abdel Fatah] al-Sisi e Mansur são os perpetradores de massacres contra a humanidade".

Durante o dia, a polícia egípcia anunciou a detenção de Mohammed al-Beltagy, um dos principais líderes da Irmandade Muçulmana. Ele apareceu em seguida, em discurso transmitido ao vivo pela TV, negando a prisão.

A organização islamita divulgou, porém, a morte de Asmaa, 17, filha de Beltagy. Havia informações de que a mulher e a filha do estrategista Khairat al-Shater também haviam sido mortas.

"Minha própria filha foi martirizada", disse Beltagy. "Todos nós estamos passando por sacrifícios agora."

Dentre os mortos estão também o cinegrafista Mick Deane, 61, da emissora britânica SkyNews, e a jornalista Habiba Abd Elaziz, 26, da Gulf News, de Dubai.

Em pronunciamento na TV, o premiê egípcio, Hazem Beblawi, afirmou que as forças de segurança agiram com "toda moderação" no desmanche dos acampamentos.


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