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À espera da pena, delator americano pede desculpas

Soldado que deu dados ao WikiLeaks diz que deveria ter atuado 'no sistema'

Defesa de Manning fala de infância difícil e de problemas de gênero do réu, que distribuiu foto em que está de peruca

JOANA CUNHA DE NOVA YORK

O soldado Bradley Manning, que em 2010 entregou mais de 700 mil documentos confidenciais da diplomacia e das Forças Armadas dos EUA ao site WikiLeaks, pediu ontem desculpas pelo que fez.

"Quando tomei essa decisão, pensei que com isso eu iria ajudar as pessoas, não prejudicar", disse o analista de inteligência do Exército durante audiência na base militar de Fort Meade, Maryland.

Ele disse que só agora notou que poderia ter trabalhado "dentro do sistema" para atrair atenção para o que discordava na Guerra do Iraque.

Entre o material vazado por ele estava um vídeo de um ataque de helicóptero americano que matou diversos civis no Iraque em 2007, incluindo um repórter da agência Reuters e seu motorista.

Na audiência, além de se desculpar pelos danos provocados ao país, Manning citou problemas pessoais que o perturbavam na época do vazamento, mas disse que isso não poderia ser usado como justificativa para seus atos.

O encontro explorou ainda detalhes da infância difícil do soldado, filho de alcoólatras, com depoimentos de pessoas próximas, inclusive sua irmã.

"Sou capaz de ser uma pessoa melhor. Espero que possam me oferecer a oportunidade de provar isso", disse.

A defesa de Manning, 25, ainda tentava nos últimos dias mitigar a sentença, que pode chegar a 90 anos de prisão, resultado de uma condenação, no fim de julho, por 19 delitos ligados a espionagem, furto, violações da lei militar e outras fraudes.

Ele foi absolvido da acusação mais grave e passível de pena de morte, a de colaborar com o inimigo, no maior caso de vazamento de informações confidencias da história do país.

"Sei que devo pagar um preço pelas minhas decisões", disse Manning, que já havia admitido ser culpado de dez das 22 acusações que lhe foram imputadas.

Um psicólogo o descreveu como uma pessoa isolada e que se sentia pressionada por ser um soldado em luta com questões de gênero.

Grande parte da audiência foi tomada pelo tema da identidade sexual do soldado e por um e-mail intitulado "Meu Problema", que trazia uma imagem sua maquiado e vestido com uma peruca loira. "Era uma questão que não se afastava. Me perseguia cada dia mais enquanto eu crescia", dizia ele na correspondência.

A definição da pena deve sair nos próximos dias, mas não há data definida.


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