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Egito propõe a dissolução da Irmandade

Premiê interino quer que organização islamita, ligada ao ex-presidente Mohammed Mursi, volte à ilegalidade

Medida reforça risco de grupo ser marginalizado politicamente; mais de 800 morreram nos últimos confrontos

DIOGO BERCITO ENVIADO ESPECIAL AO CAIRO

Cercada, detida e baleada, a Irmandade Muçulmana no Egito enfrenta agora o risco de tornar-se, mais uma vez, uma organização perseguida e relegada ao subterrâneo das negociações políticas.

Centenas de seus simpatizantes foram mortos neste mês, durante a repressão do Exército, e sua liderança se esconde diante do risco de uma nova rodada de prisões.

Hazem al-Beblawi, premiê interino do Egito, propôs ontem que a organização islamita seja dissolvida, o que significaria sua volta à ilegalidade. Ele afirmou na TV que "nenhuma reconciliação será feita com aqueles que tiveram as mãos manchadas de sangue".

A proposta foi feita ao Ministério de Assuntos Sociais, responsável por licenciar entidades não governamentais.

"Nós pedimos que a Irmandade Muçulmana seja considerada uma organização terrorista", diz à Folha Maha Abu Bakr, um dos líderes do movimento de ativistas Tamarod, que organiza marchas contra islamitas.

"Eles começaram como um grupo missionário mas, ao chegar à política, quiseram levar o país ao extremismo."

A repressão de protestos organizados pela irmandade levou ao massacre de ao menos 638 pessoas na quarta-feira. Ao menos 173 morreram anteontem, durante o "Dia de Fúria" convocado pela organização, chegando a 811 mortos.

ISLÃ POLÍTICO

Fundada em 1928 pelo professor Hassan al-Banna, essa instituição islamita rapidamente tornou-se uma influente força no Egito por meio de ações de caridade e do projeto de um "islã político", em que as tradições do Alcorão serviriam como pedra angular para o Estado.

A organização foi perseguida por décadas, até a virada em 2011, quando, com a queda do ditador Hosni Mubarak, voltou à legalidade.

Em 2012, o islamita Mohammed Mursi foi eleito para a Presidência do Egito com 52% dos votos, dando largada a um governo que seria marcado pelo fiasco econômico e por medidas conservadoras contestadas pela população secular.

A história voltou a correr contra os islamitas quando milhões foram às ruas, em junho, pela renúncia de Mursi.

Apoiadas pelos detratores da Irmandade Muçulmana, as Forças Armadas depuseram o islamita e iniciaram a transição política que levou Adly Mansur ao cargo de presidente. Mursi está preso.

Recusando-se a reconhecer o golpe militar, a organização permaneceu nas ruas. Acampamentos foram erguidos ao redor da mesquita Rabia al-Adawiya, no Cairo, e no resto do país. Com a repressão, começaram os massacres.

Líderes islamitas foram detidos e são, agora, acusados de incitar a violência. Com a morte de cerca de 600 simpatizantes da organização na quarta-feira, a alta cúpula desapareceu. O filho de Mohamned Badie, líder da irmandade, foi morto na sexta.

O porta-voz Gehad el-Haddad, por exemplo, antes visto pela reportagem nos protestos, agora atende ao telefone num número do Reino Unido.

Ontem, a Justiça do país retomou o julgamento do ex-ditador Hosni Mubarak, acusado de homicídio na revolta que o derrubou. Ele não compareceu à sessão, transmitida ao vivo pela TV estatal.


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