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Humala segue dividindo o Peru após vitória de García
Apesar da derrota, nacionalista saiu fortalecido e terá a maior bancada parlamentar
Apuração praticamente concluída dá 53% dos votos para o ex-presidente, contra
46% de Humala, que prevê "transformação histórica"
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A LIMA
O segundo turno terminou
no Peru, mas a polarização entre o ex-presidente de centro-esquerda Alan García e o candidato nacionalista Ollanta Humala deve continuar. Os resultados oficiais decretaram a vitória do candidato do Apra
(Aliança Popular Revolucionária Americana), mas também
asseguraram ao tenente-coronel aposentado o papel de principal força de oposição do país.
De acordo com os dados oficiais da Onpe (Escritório Nacional de Processos Eleitorais),
apuradas 93% das urnas até o
fechamento desta edição, García obteve 53,1% dos votos, contra 46,8% para Humala.
A apuração, por outro lado,
mostra que o candidato nacionalista venceu na maioria dos
departamentos (Estados) do
país: 14, espalhados pelo centro
e sul do altiplano peruano e pela região amazônica, contra 11
do ex-presidente aprista, hegemônico na costa, onde está Lima, principal colégio eleitoral.
Para o sociólogo Carlos Reyna, mesmo derrotado, o voto a
Humala é mais consistente do
que o depositado a García.
"O voto a Humala é mais sólido que o voto a García porque o
voto ao ganhador foi por medo,
e o voto ao nacionalista se deu
apesar da campanha de medo
contra Humala", disse à agência France Presse.
O calendário eleitoral deste
ano ainda não terminou. Em
novembro, os peruanos elegem
todos os prefeitos regionais
(governadores) e prefeitos.
Já o novo Congresso, eleito
em abril durante o primeiro
turno e com uma renovação de
75%, terá a maior bancada formada pela UPP (União pelo Peru), de Humala, com 45 parlamentares, dos quais apenas um
já havia sido eleito. Em seguida
vem o Apra, com 36 cadeiras.
A terceira força é da coalizão
Unidade Nacional, da direitista
Lourdes Flores, que perdeu por
pouco a vaga para o segundo
turno. O partido do presidente
Alejandro Toledo, Peru Possível, elegeu dois parlamentares.
O bom resultado fez com que
Humala declarasse anteontem
à noite que as eleições "haviam
mudado o panorama político
do Peru" e chegou a anunciar
que "hoje começa a transformação histórica do país". O nacionalista só reconheceu a derrota no fim da noite.
García, que ontem não fez
pronunciamentos, discursou
no domingo para milhares de
simpatizantes em Lima, quando lembrou o fracasso de seu
primeiro governo (1985-90).
"O povo votou no Apra apesar
dos erros e das filas", afirmou,
em alusão ao racionamento de
produtos como pão e leite.
Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ligou ontem para
García para parabenizá-lo e
convidá-lo a visitar o Brasil antes da posse, no dia 28 de julho.
García faria uma visita de Estado em agosto, aproveitando o
encontro da OTCA (Organização do Tratado de Cooperação
Amazônica). Nenhuma das visitas está confirmada.
García buscou se aproximar
de Lula na campanha por meio
de elogios, geralmente para
contrapô-lo ao presidente venezuelano, Hugo Chávez. A relação é antiga: em 1989, quando
perdeu a eleição para Fernando
Collor, Lula foi recebido pelo
então presidente García.
Depois de muito bate-boca,
com García, Chávez, que
apoiou Humala abertamente,
não se manifestou sobre o resultado até o fechamento desta
edição. Já o subsecretário de
Estado norte-americano, Robert Zoellick, disse que a vitória
de García foi a "melhor resposta" a Chávez.
Com agências internacionais
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