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IRAQUE OCUPADO
Britânicos enfrentam protestos em Basra; mais quatro soldados americanos são feridos no país
Bush prevê trabalho "difícil e perigoso" e pede paciência
DA REDAÇÃO
Cem dias são insuficientes para
reverter o legado do ex-ditador
iraquiano Saddam Hussein, mas
o Iraque está mais seguro, afirmou o presidente George W.
Bush ontem em novo discurso
para marcar o 100º dia do pós-guerra, completado na véspera.
No Iraque, no entanto, os problemas de segurança continuaram a espocar. Em Bagdá, o Comando Central Americano (Centcom) anunciou que mais quatro
soldados americanos foram feridos em ataques. E em Basra (sul),
a segunda maior cidade do país,
os soldados britânicos foram para
as ruas com equipamento de choque para controlar protestos contra a falta de petróleo.
"Cem dias não são o bastante
para desfazer o terrível legado de
Saddam Hussein", disse Bush em
discurso transmitido pelo rádio
de seu rancho em Crawford, Texas, prometendo um "compromisso de longo prazo" para levar
a democracia e a prosperidade
aos iraquianos. "Há um trabalho
difícil e perigoso pela frente, que
requer tempo e paciência."
A morte de 55 soldados dos
EUA em ataques no pós-guerra e
a dificuldade em capturar Saddam, foragido desde abril, operaram, nas últimas semanas, uma
mudança no discurso de Bush.
O presidente que chamou os
iraquianos para a briga no início
de julho agora pede paciência e,
como fez na sexta-feira, cita as
baixas sofridas.
Mas enquanto Bush contabiliza
o número de jornais abertos no
Iraque desde a invasão pelos EUA
-150- e comemora a produção
diária de 1 milhão de barris de petróleo -antes da guerra, o Iraque
exportava 1,7 milhão de barris por
dia e, antes das sanções sofridas
com a Guerra do Golfo (1991), 3,5
milhões- os americanos começam a se impacientar com a campanha que, por mês, consome
US$ 4 bilhões de seu Orçamento.
A popularidade de Bush, alavancada por uma campanha contra o terrorismo que deixou em
segundo plano sua criticada gestão econômica, cai, e os primeiros
solavancos são sentidos em sua
campanha para a reeleição em
2004. Na sexta-feira, pesquisa do
Pew Research Center mostrou
que 40% dos entrevistados se dispunham a reeleger Bush, mas
39% preferiam qualquer candidato democrata -um empate técnico, dada a margem de erro de
dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
Tropa de choque
Em Bagdá, o Centcom informou a prisão de Mahmoud Diyab
al Ahmed, ex-ministro do Interior
do regime deposto e o 29º na lista
de 55 iraquianos mais procurados. Os militares disseram que se
enganaram ao anunciarem, em
julho, a prisão de Al Ahmed.
Também foi anunciado que
quatro soldados americanos foram feridos em ataques em Kirkuk (norte) e na capital.
Mas as maiores tensões ocorreram em Basra, onde centenas de
pessoas protestaram contra a falta
de combustível e eletricidade.
Soldados atiraram para o alto e,
segundo testemunhas, dois iraquianos e dois britânicos foram
feridos. Um porta-voz britânico
disse que alguns soldados foram
feridos quando o veículo em que
estavam foi apedrejado.
Diferente dos americanos, os
britânicos -que controlam a região sul do Iraque- não têm sido
alvo de ataques, estes concentrados no noroeste do país, onde estão os simpatizantes do regime
deposto. O único incidente grave
com britânicos até agora foi a
morte, em Majjar, de seis policiais
por iraquianos que protestavam
contra a invasão de suas casas.
Ontem, no entanto, os moradores de Basra saíram as ruas, arremessaram pedras, queimaram
pneus e atacaram carros com placas do Kuait, que acusam de contrabandear óleo diesel.
Centenas de pessoas marcharam para a base britânica exigindo o restabelecimento do fornecimento de energia e combustível.
Os militares acusam sabotadores
e saqueadores pelos problemas de
infra-estrutura.
De madrugada, a Marinha Britânica interceptou um navio de
bandeira panamenha que levava
do Iraque 1.100 toneladas de petróleo. A tripulação, ucraniana,
foi presa. Não se sabe para onde
iria o contrabando.
Com agências internacionais
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