UOL


São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

IRAQUE OCUPADO

Britânicos enfrentam protestos em Basra; mais quatro soldados americanos são feridos no país

Bush prevê trabalho "difícil e perigoso" e pede paciência

DA REDAÇÃO

Cem dias são insuficientes para reverter o legado do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein, mas o Iraque está mais seguro, afirmou o presidente George W. Bush ontem em novo discurso para marcar o 100º dia do pós-guerra, completado na véspera.
No Iraque, no entanto, os problemas de segurança continuaram a espocar. Em Bagdá, o Comando Central Americano (Centcom) anunciou que mais quatro soldados americanos foram feridos em ataques. E em Basra (sul), a segunda maior cidade do país, os soldados britânicos foram para as ruas com equipamento de choque para controlar protestos contra a falta de petróleo.
"Cem dias não são o bastante para desfazer o terrível legado de Saddam Hussein", disse Bush em discurso transmitido pelo rádio de seu rancho em Crawford, Texas, prometendo um "compromisso de longo prazo" para levar a democracia e a prosperidade aos iraquianos. "Há um trabalho difícil e perigoso pela frente, que requer tempo e paciência."
A morte de 55 soldados dos EUA em ataques no pós-guerra e a dificuldade em capturar Saddam, foragido desde abril, operaram, nas últimas semanas, uma mudança no discurso de Bush.
O presidente que chamou os iraquianos para a briga no início de julho agora pede paciência e, como fez na sexta-feira, cita as baixas sofridas.
Mas enquanto Bush contabiliza o número de jornais abertos no Iraque desde a invasão pelos EUA -150- e comemora a produção diária de 1 milhão de barris de petróleo -antes da guerra, o Iraque exportava 1,7 milhão de barris por dia e, antes das sanções sofridas com a Guerra do Golfo (1991), 3,5 milhões- os americanos começam a se impacientar com a campanha que, por mês, consome US$ 4 bilhões de seu Orçamento.
A popularidade de Bush, alavancada por uma campanha contra o terrorismo que deixou em segundo plano sua criticada gestão econômica, cai, e os primeiros solavancos são sentidos em sua campanha para a reeleição em 2004. Na sexta-feira, pesquisa do Pew Research Center mostrou que 40% dos entrevistados se dispunham a reeleger Bush, mas 39% preferiam qualquer candidato democrata -um empate técnico, dada a margem de erro de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.

Tropa de choque
Em Bagdá, o Centcom informou a prisão de Mahmoud Diyab al Ahmed, ex-ministro do Interior do regime deposto e o 29º na lista de 55 iraquianos mais procurados. Os militares disseram que se enganaram ao anunciarem, em julho, a prisão de Al Ahmed.
Também foi anunciado que quatro soldados americanos foram feridos em ataques em Kirkuk (norte) e na capital.
Mas as maiores tensões ocorreram em Basra, onde centenas de pessoas protestaram contra a falta de combustível e eletricidade.
Soldados atiraram para o alto e, segundo testemunhas, dois iraquianos e dois britânicos foram feridos. Um porta-voz britânico disse que alguns soldados foram feridos quando o veículo em que estavam foi apedrejado.
Diferente dos americanos, os britânicos -que controlam a região sul do Iraque- não têm sido alvo de ataques, estes concentrados no noroeste do país, onde estão os simpatizantes do regime deposto. O único incidente grave com britânicos até agora foi a morte, em Majjar, de seis policiais por iraquianos que protestavam contra a invasão de suas casas.
Ontem, no entanto, os moradores de Basra saíram as ruas, arremessaram pedras, queimaram pneus e atacaram carros com placas do Kuait, que acusam de contrabandear óleo diesel.
Centenas de pessoas marcharam para a base britânica exigindo o restabelecimento do fornecimento de energia e combustível. Os militares acusam sabotadores e saqueadores pelos problemas de infra-estrutura.
De madrugada, a Marinha Britânica interceptou um navio de bandeira panamenha que levava do Iraque 1.100 toneladas de petróleo. A tripulação, ucraniana, foi presa. Não se sabe para onde iria o contrabando.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Libéria: Porta-voz de Taylor teme carnificina após renúncia
Próximo Texto: Estudo: Dekassegui vive crise de identidade no Japão
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.