São Paulo, quarta-feira, 20 de abril de 2005

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GUERRA SEM LIMITES

Franco-marroquino é réu nos EUA pelo 11 de Setembro

Moussaoui deve admitir culpa, diz "Post"

DE WASHINGTON

Único acusado nos EUA pelos ataques ocorridos em 11 de Setembro de 2001, o franco-marroquino Zacarias Moussaoui pretende admitir sua participação, informou ontem o jornal "Washington Post" baseado em fontes anônimas que conhecem o processo. Segundo o diário, a confissão pode ocorrer ainda nesta semana, caso a Justiça delibere que ele não tem problemas mentais.
Sempre de acordo com o "Post", Moussaoui deve ter uma audiência judicial até sexta-feira com a juíza Leonie Brinkema, que decidirá sobre a sua capacidade mental. Cidadão francês, Moussaoui é acusado de conspirar com a rede terrorista Al Qaeda, de Osama bin Laden, para arquitetar o pior atentado terrorista da história norte-americana.
"Não acho que ele seja maluco", disse ao "Post" o ex-promotor Andrew McBride, que tem acompanhado o caso. "Certamente, seus comentários na corte indicam que ele não pensa como nós e tem uma certa hostilidade contra os Estados Unidos. Mas ele é razoavelmente erudito. Fala árabe, francês e inglês muito bem. Ele é escolarizado."
Em cartas recentes enviadas ao governo e à juíza Brinkema, o franco-marroquino teria se mostrado disposto a aceitar a possibilidade de uma sentença de pena de morte. A agência de notícias Reuters tentou ouvir os advogados de defesa e a juíza Brinkema, mas não obteve resposta.
Moussaoui foi preso por violação às leis imigratórias antes do 11 de Setembro e tem negado envolvimento nos ataques.
Três anos atrás, chegou a dizer que era da Al Qaeda e fiel a Bin Laden. Uma semana depois, porém, mudou o seu depoimento e voltou a negar envolvimento com a rede terrorista islâmica.

Processo tortuoso
Moussaoui foi indiciado em dezembro de 2001, mas o julgamento já sofreu três adiamentos. Na maior parte dos últimos dois anos, o caso ficou dependendo de decisões de instâncias superiores sobre o direito do réu de ter acesso a depoimentos de membros Al Qaeda que o incriminavam.
Em março, a Suprema Corte dos EUA negou acolher o recurso de Moussaoui sobre o acesso aos depoimentos, alegando questões de segurança.
A decisão também determinou que a defesa deve se basear em documentos sobre os prisioneiros preparados pelo governo e autorizou que os promotores propusessem a pena de morte para o acusado franco-marroquino.
Em 2002, Moussaoui demitiu os seus advogados e passou a fazer a sua própria defesa. Em suas alegações, insultou os antigos advogados e qualificou a juíza Brinkema de "nazista".
Mais tarde, a Brinkema restaurou os advogados de defesa, que agora estariam argumentando que o réu tem problemas mentais.


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