São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 2011

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Na ONU, Dilma ataca 'teorias velhas' dos ricos contra a crise

Presidente abre Assembleia Geral com críticas a planos baseados em cortes de gastos, que geram desemprego

Ela defendeu a criação do Estado palestino, condenou a repressão à Primavera Árabe e disse que todos violam direitos


Stan Honda/France Presse
A presidente Dilma Rousseff durante discurso em que abriu a sessão anual da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, perante chefes de Estado

ÁLVARO FAGUNDES
VERENA FORNETTI

DE NOVA YORK

Em seu evento mais importante até agora perante a comunidade internacional, a presidente Dilma Rousseff criticou ontem a estratégia de combate à crise econômica adotada pelos países ricos, baseada em corte de gastos.
"O desafio colocado pela crise é substituir teorias defasadas, de um mundo velho, por novas formulações para um mundo novo. Enquanto muitos governos se encolhem, a face mais amarga da crise -a do desemprego- se amplia", disse, ao abrir a Assembleia Geral da ONU.
Ela errou o número de desempregados na Europa, no entanto. Falou em 44 milhões, quando são 22,7 milhões os sem trabalho nos 27 países da União Europeia.
Por tradição, cabe ao Brasil o primeiro discurso, e foi a primeira vez que isso foi feito por uma mulher. "É com justificado orgulho de ser mulher que vivo este momento." Numa fala de 25 minutos, ela bateu duro nos países ricos, o que lembrou o que seu antecessor, Lula, fazia muito.
"Não é por falta de recursos financeiros que os líderes dos países desenvolvidos não encontraram solução para a crise. É por falta de recursos políticos e algumas vezes, de clareza de ideias".
Atacou a "armadilha que não separa interesses partidários dos interesses da sociedade", referência à disputa entre o presidente Barack Obama e os republicanos.
Mesmo após aumentar o Imposto sobre Produtos Industrializados para carros importados -que pode levar o Brasil à Organização Mundial do Comércio-, Dilma condenou o protecionismo.
Afirmou que a crise pode se transformar em uma "grave ruptura política e social".
A fala teve também críticas à China, pela resistência do país asiático em flexibilizar sua política cambial e em fortalecer o mercado interno.

APLAUSOS
Dilma cobrou o reconhecimento do Estado palestino. "Lamento ainda não poder saudar, desta tribuna, o pleno ingresso da Palestina na ONU", disse. Ela defendeu apoio à Primavera Árabe, mas sem tirar dos cidadãos locais a condução da transição.
Dilma condenou repressões a populações civis, referência oblíqua ao que ocorreu na Líbia e ocorre na Síria.
Ao mesmo tempo, afirmou que intervenções externas devem ocorrer em situações extremas e que por vezes elas "agravam conflitos". Voltou a pedir que o Brasil tenha assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Também disse que "todos os países, sem exceção", violam direitos humanos, dando a entender que os EUA também. "Como mulher que sofreu tortura no cárcere, sei como são importantes os valores da democracia, justiça, direitos humanos e liberdade", disse.
Dilma também reuniu-se com líderes de Chile, Reino Unido, França, Peru e Colômbia. À noite, teve jantar com empresários brasileiros.


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