São Paulo, terça-feira, 30 de janeiro de 2007

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Suicida mata três em balneário de Israel

Jovem detona explosivos em padaria de Eilat; primeiro ataque terrorista em nove meses ameaça retomada de diálogo de paz

Na sexta-feira, dirigentes palestinos e israelenses se reúnem em Washington sob os auspícios de EUA, União Européia, Rússia e ONU

DA REDAÇÃO

Depois de nove meses sem atentados suicidas em Israel, um palestino matou três israelenses ontem em uma padaria no balneário de Eilat, no mar Vermelho. Duas das três vítimas eram donos do local e o terceiro era um funcionário.
Mohammed Siksik, 20, caminhou a partir do Egito pela fronteira aberta no deserto e ganhou carona de um motorista israelense. Por sua roupa pesada e seu mutismo, o motorista desconfiou e o deixou no meio do caminho.
Minutos depois, ele detonava os explosivos escondidos sob o sobretudo na padaria da cidade turística.
O atentado ameaça o cessar fogo de dois meses entre Israel e os dois principais grupos palestinos, Fatah e Hamas.
E complica o último esforço para recomeçar as negociações de paz entre Israel e os palestinos, que estão em agonia há seis anos.
Na sexta-feira, acontece a reunião do chamado "quarteto", que reúne EUA, União Européia, Rússia e ONU para discutir as negociações. O governo americano acusou o governo palestino do Hamas de responsável por não evitar o atentado.
"O fracasso na ação contra o terrorismo inevitavelmente afeta as relações do governo palestino com a comunidade internacional, e minam as aspirações dos palestinos em ter um Estado próprio", diz o comunicado da Casa Branca.
O governo palestino, liderado pelo grupo terrorista Hamas, chamou o atentado de "resistência legítima".
EUA e UE lideram um boicote de ajuda internacional ao governo palestino justamente pela presença do Hamas no gabinete e a postura do grupo de não reconhecer a existência do Estado de Israel.
O premiê israelense, Ehud Olmert, não disse qual será a resposta israelense. "Devemos chegar a conclusões, aprender as lições e instruir nossa força de segurança a continuar sua luta sem fim contra terroristas e contra quem os envia", disse.
Mas o gabinete de segurança já prepara uma resposta. "Este é um incidente grave, é uma escalada e devemos tratá-la como tal", disse o ministro da Defesa israelense, Amir Peretz.
Nas últimas semanas, a maior parte da violência na região envolve enfrentamentos de rua entre grupos rivais palestinos. A violência continuou ontem, com três palestinos mortos em Gaza - já são 30 vítimas fatais desde quinta-feira.

Vizinhos comemoram
Dois grupos terroristas, a Jihad Islâmica e as Brigadas de Mártires Al Aqsa assumiram autoria em conjunto.
"A operação dá uma mensagem clara aos rivais palestinos. É necessário finalizar a trégua e apontar as armas contra a ocupação que aflige o povo palestino", diz uma mensagem no site na internet da Jihad Islâmica.
O suicida Mohammed Siksik, 20, era de Beit Lahiya, ao norte de Gaza. Parentes dele contaram que ele estava desempregado e deprimido com a morte de sua filha recém-nascida. E que buscava vingança pela morte de de seu melhor amigo "na luta contra Israel".
Dúzias de vizinhos comemoraram o atentado na casa de Siksik. Crianças pulavam com fotos dele empunhando um rifle, e cantavam slogans em que o chamavam de mártir.

Balneário isolado
Foi o primeiro atentado suicida na cidade de 50 mil habitantes, isolada no extremo sul do país, a 326 km de Jerusalém e 356 km de Tel Aviv, na fronteira com Egito e Jordânia.
Eilat se tornou alvo porque a segurança israelense e as restrições de viagens a palestinos tornaram muito difícil a ação de homens-bomba a partir da Cisjordânia, a fonte desses terroristas nos últimos anos.
A cidade se tornou um destino turístico muito procurado por israelenses justamente pelo seu isolamento.


Com agências internacionais


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