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São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2003


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EMPREENDEDORISMO

Empresários pequenos, mas promissores, viram alvo do instituto Endeavor

Entidade dá apoio "pós-incubadora"

Fernando Moraes/Folha Imagem
Wilson Poit, da Poit Energia, teve acesso a executivos famosos pela rede de contatos da Endeavor


DA REDAÇÃO

A taxa de mortalidade de empresas no Brasil é uma das maiores do mundo. Menos de 30% das firmas abertas chegam ao sexto ano de atividade, segundo o Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo). Os motivos são muitos: falta de planejamento e de capital, tributação excessiva, previsões mal-embasadas, concorrência.
Para chegarem mais preparados ao mercado, novos empreendedores contam com o apoio das incubadoras, nas quais se oferece infra-estrutura para o desenvolvimento de projetos de negócio.
Depois que o empresário entra no mercado pra valer, contudo, geralmente perde o contato com qualquer instituição de fomento.
Para ajudar a preencher essa lacuna, o instituto Empreender Endeavor aportou no Brasil em junho de 2000 com a proposta de apoiar empreendedores já em atividade. O programa de apoio não tem custos para o empreendedor, embora a entidade aceite doações de 5% do capital social da empresa depois que o negócio deslanchar. O montante é, então, revendido ao empreendedor.

Para toda a vida
O processo de seleção para entrar na Endeavor é extenso. Envolve análise do plano de negócios, entrevistas e painéis, que podem consumir de três a seis meses de tempo. Os poucos que passam (cerca de 1% dos inscritos), porém, ganham apoio vitalício do instituto. Até hoje, 2.500 empresários se inscreveram, mas apenas 40 agentes de 25 empresas foram aprovados.
"É um apoio à pessoa, e não à companhia. Mesmo se a empresa for vendida, o empresário continua sendo auxiliado pela rede", explica a diretora de operações da entidade, Tania Sztamfater.
Apesar de longo, o processo acaba sendo útil para repensar a estrutura da firma, afirma Daniel Li, da Pixel Software (desenvolvedora de softwares para visualização de resultados de cortes de cabelo, cirurgias plásticas etc.), apoiada pela Endeavor há dois anos. "Mesmo quem não passa na seleção ganha muito, pois recebe um "feedback" de alto nível sobre sua atividade", defende.
Li conta que foi parar na Endeavor "por acidente". "Um conhecido me indicou como uma boa fonte para entrar em contato com investidores. Eu nem sabia que era, na verdade, uma entidade de apoio ao empreendedorismo."
Quando ligou para o instituto, Li diz que ficou empolgado e resolveu se candidatar à seleção.
Carlos Alberto Tamm, sócio da Mastermaq, teve ingresso diferente na rede. Desenvolvedor de softwares administrativos, foi indicado para a Endeavor por meio de um diretor da Microsoft, que viu bom potencial no negócio.
Ainda assim, não ficou livre da seleção, que levou cinco meses. "Foi muito interessante, passamos por várias entrevistas, tivemos de repensar o nosso negócio e fazer um planejamento para os cinco anos seguintes", lembra.
Severino Felix da Silva, proprietário da Escola24Horas (site que presta serviços para escolas), é um exemplo do terceiro meio pelo qual se chega à Endeavor. Sem passar por indicações ou pela iniciativa própria, recebeu um telefonema da equipe do instituto convidando-o a participar da seleção. "A Endeavor me "achou" através da mídia", conta.
É a mesma situação de Wilson Poit, da Poit Energia (que entrega energia elétrica em domicílio). "A Endeavor soube da gente por meio de uma reportagem numa revista e resolveu nos procurar e convidar para a seleção."

Benefícios
Quem passa no "vestibular" da Endeavor usufrui de algumas vantagens. Uma delas é o "eMBA", programa que consiste na vinda de um estudante de MBA de escola americana (como Wharton, Harvard, Stanford e outras) para trabalhar até 12 semanas dentro de uma firma apoiada, sugerindo melhorias.
Outros atrativos são o acesso à rede de contatos da Endeavor, composta por executivos de diversas organizações (que podem atuar como mentores ou investidores), a participação em rodadas de negócios exclusivas e orientações sobre captação de recursos.
"A Endeavor me deu principalmente um grande recurso: conhecer as pessoas certas. Vale mais do que dinheiro", conclui Poit.

(RENATO ESSENFELDER)


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