São Paulo, domingo, 29 de dezembro de 2002


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OUTROS RUMOS

Empresas obtêm bons resultados longe dos tradicionais "vôlei, basquete e futebol"

Novos esportes são opção "saudável"

DA REDAÇÃO

No país do futebol -e, no máximo, também do vôlei e do basquete, ainda que em segundo plano-, alguns esportes não tão convencionais surpreendem ao despontar como os favoritos, pelo menos na preferência dos empreendedores: motociclismo, trekking (caminhada em trilhas) e surfe estão entre os exemplos.
Fugindo do conceito tradicional de loja de esportes, esses negócios vêm prosperando ao apostar em modalidades que, por motivos como o sucesso inesperado de atletas, possuem demanda ainda reprimida entre os consumidores.
É o caso da Oficina do Tenista, loja especializada em equipamentos para tênis (raquetes, bolas e vestuário). Aproveitando o chamado "fenômeno Guga", a empresa iniciou seu processo de expansão em todo o país, por meio do sistema de franquias.
"Quando Gustavo Kuerten ganhou o primeiro torneio Roland Garros, em 1997, muitos empresários abriram lojas na onda do crescimento do esporte, mas fracassaram por não conhecer suas peculiaridades ", explica o diretor Paulo de Tarso Ribeiro, 42.
Com três candidatos já em fase final de discussão, a empresa vai dar prioridade a cidades com mais de um milhão de habitantes, sobretudo no Nordeste e no Centro-Oeste. O investimento fixo -incluindo estoque inicial- varia de R$ 63 mil a R$ 139 mil. As taxas de franquia ficam entre R$ 15 mil e R$ 25 mil, e os royalties, entre R$ 800 e R$ 2.500.

Duas rodas
O empresário José Roberto Boventi, 35, escolheu outro esporte -o motociclismo- e investiu R$ 6 milhões num shopping de moto e aventura recém-inaugurado no centro de São Paulo. "A idéia é atrair o público que gosta de natureza, dos praticantes de motocross e rali a estradeiros, e que hoje não têm opções de lazer e compra num só local", justifica.
Segundo Boventi, 80% dos espaços do shopping já estão locados, por preços que variam de R$ 60 a R$ 70 o metro quadrado. O retorno do investimento, diz, acontece em dois ou três anos.
Outro segmento em expansão, o de esportes de aventura, tem trilhado por novos caminhos: a imagem de esportes radicais, praticados por quase heróis no meio da selva está dando lugar ao consumo para o estilo de vida urbano, acessível a todas as pessoas.
"Queremos introduzir a um simples mortal, aos que caminham esporadicamente no parque, um novo estilo de vida", avisa Paulo Calarge, 38, diretor da Wöllner (mochilas e roupas).
Com a mudança, a Wöllner já experimenta um crescimento de 35% em 2002, apesar das dificuldades enfrentadas no setor, como a alta do dólar e o aumento da concorrência. Ao todo, são dez franquias, e há planos de expansão para as regiões Norte, Nordeste e Sul. O capital necessário é de R$ 120 mil (incluindo R$ 25 mil de taxa de franquia). O retorno, diz Calarge, vem em dois anos.

Otimismo
De olho na procura crescente pelo mercado de esportes outdoor, a Thule direcionou seus produtos -bagageiros para automóveis- a praticantes de canoagem, surfe e trekking, entre outros. "Esses esportes já representam grande fatia dos nossos negócios, algo em torno de 45%", calcula o gerente comercial Werner Wiedenbrug, 34. A empresa está otimista em relação a 2003: "Esperamos um crescimento estimado de 20% no ano", afirma.
Já a rede de lojas esportivas Bayard mudou seu mix de produtos para atender o público que pratica modalidades outdoor. "É saudável investir nesse mercado", resume Gilson Anunciação, 28, da área de marketing da Bayard.
Mas, quem pensa que para ter sucesso no ramo basta investir, o proprietário da Curtlo (mochilas e acessórios esportivos), Fernando Oliveira, 39, avisa: ainda há muita camisa para ser suada.
"Vejo que muitos entram no segmento iludidos, sem saber que há uma série de dificuldades, como a distribuição em cidades menores e pressão por alta de preços do lado dos fornecedores." Ainda assim, a Curtlo planeja começar a exportar em 2003. (CÁSSIO AOQUI)


Curtlo, 0/xx/11/6994-4478; Oficina do Tenista, 0/xx/31/3374-7878; Shopping Moto & Aventura, alameda Barão de Limeira, 71, centro, São Paulo; Wöllner, 0/xx/21/2535-4950.


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