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New York Times

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Altos lucros impulsionam setor calçadista de luxo

Por ERIC WILSON

A indústria calçadista de luxo depende, até certo ponto, da suspensão voluntária do pensamento racional para uma entrega à ânsia de consumo. Afinal, sapatos de luxo são mercadorias cujos preços o bom senso só pode considerar obscenamente exagerados.

Só a partir do final da década de 1990 que os sapatos se tornaram o que são hoje, com varejistas em guerra, afluxo de novos participantes no mercado a cada temporada e pouquíssima resistência aos preços pelos consumidores.

Um par de alpercatas de camurça de estilo básico em uma loja de luxo como a Bergdorf Goodman, em Nova York, pode custar US$ 495 (as solas são de corda, mas foram feitas pelo estilista britânico Jimmy Choo). É uma pechincha: os sapatos femininos nessas lojas variam de US$ 600 a US$ 1.400, e as botas podem custar US$ 2.000 ou mais.

No topo da hierarquia dos designers de calçados de luxo, o estilista francês Christian Louboutin lançou um sapato plataforma de US$ 1.595. Versões em peles exóticas, como a de crocodilo, chegam ao preço de US$ 4.600.

Para os varejistas de luxo, os sapatos se tornaram um negócio lucrativo, que está entre os mais rentáveis da Saks Fifth Avenue, por exemplo. Na Barneys de Nova York, o faturamento médio por metro quadrado no setor de calçados é três a quatro vezes superior ao de qualquer outro departamento. O valor médio na seção de sapatos da loja é de cerca de US$ 850.

Não surpreende que os departamentos de calçados das lojas mais sofisticadas de Manhattan tenham se expandido em um ritmo frenético nos últimos cinco anos ou que a batalha para ser a vitrine definitiva dos sapatos tenha se globalizado. A Macy's de Nova York, com sua seção de calçados de 3.600 m2 inaugurada no ano passado, arrebatou o título de "maior do mundo" de concorrentes como a Galeries Lafayette, de Paris, e a Selfridges, de Londres.

Em 2007, quando a Saks instalou uma seção de calçados no seu oitavo andar, ela era tão grande que, numa esperta sacada de marketing, ganhou seu próprio CEP de fantasia, 10022-SHOE. Esse foi o início daquela que se tornaria a grande guerra do varejo calçadista. A Barneys também dedica, desde o ano passado, um andar inteiro ao produto, com sapatos expostos em grandes gaiolas douradas e fartos assentos confortáveis, evocando comparações com a Saks. Também agora a Bergdorf Goodman anunciou planos para ampliar seu departamento em 20% neste semestre.

As lojas são igualmente competitivas quando se trata de atrair os principais estilistas, como Louboutin, que, no 20° aniversário da sua carreira, em 2011, foi homenageado pela Barneys com um jantar repleto de estrelas e com uma animada festa na loja da Bergdorf. A Saks reagiu novamente em junho, abrindo uma loja de 150 m2 dedicada a Louboutin, algo inédito.

Na Barneys, a estratégia tem sido atrair novas grifes exclusivas ou produtos criados unicamente para a loja, os quais agora ocupam um terço do departamento, segundo Daniella Vitale, diretora operacional.

Um exemplo de sucesso é a Marsèll, coleção de andróginos sapatos de cadarço que custam cerca de US$ 665 o par, que se tornou um negócio de US$ 1 milhão para a loja neste ano.

A concorrência para se destacar entre os estilistas atuais é feroz, segundo Charlotte Olympia Dellal, executiva-chefe da Charlotte Olympia, porque novas empresas precisam lutar pelo mesmo espaço fabril ocupado pelas grandes marcas.

"Está mais caro produzir sapatos atualmente", disse Louboutin.

O custo de fabricação dos calçados na Europa tem crescido substancialmente. Recentemente, enfrentando a concorrência das fábricas asiáticas por materiais de qualidade, algumas marcas de luxo passaram a adquirir seus próprios curtumes.

George Malkemus, presidente da Manolo Blahnik, disse que os preços dos calçados, em geral, andam "descompensados".

O risco é que a clientela passe a associar preços mais altos a sapatos melhores.


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