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New York Times

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Pumas voltam a circular nos EUA

Por GUY GUGLIOTTA

A grande migração começou há aproximadamente 40 anos. De seus enclaves nos Estados Unidos nas montanhas Rochosas e no Texas, jovens machos rumaram para leste, em busca de companheiras e novos lugares para viver.

Os migrantes tinham cerca de dois metros de comprimento, do nariz à cauda, e pesavam até 70 quilos. Preferiam cervos, mas comiam quase qualquer coisa que se mexesse: alces, carneiros-monteses, cavalos selvagens e castores. Em uma noite, eram capazes de matar uma dúzia de carneiros domésticos. Também atacaram pessoas algumas vezes.

Há muito tempo, os incas chamavam esses felinos de pumas. Hoje, nos EUA, eles são conhecidos como "cougars", mas também como leões-da-montanha, panteras etc. (No Brasil, onças-pardas, suçuaranas etc.)

Até pouco tempo atrás, relativamente, os pumas eram quase uma memória: eles estavam quase eliminados a leste das montanhas Rochosas em 1900.

Mas hoje o puma voltou. É uma das grandes histórias de sucesso na conservação da vida silvestre, mas também uma fonte de preocupação entre biólogos e outros ativistas, pois seu número crescente torna difícil sua administração -e mais difícil que as pessoas os tolerem. Não há estimativas confiáveis sobre a população de pumas em seu ponto mais baixo, antes dos anos 1970, mas hoje acredita-se que sejam mais de 30 mil na América do Norte.

Conforme os pumas migram para leste, eles provavelmente se tornarão indesejáveis. As pessoas em Estados não acostumados com esses grandes predadores terão de responder a perguntas desagradáveis: quanto gado e animais de caça estão dispostas a perder? Quantos problemas uma comunidade suporta?

"Muitos órgãos ambientais estaduais estão examinando como vão se preparar para a recolonização", disse Clay Nielsen, diretor de pesquisa científica da Cougar Network. Estudos que ele realizou em Illinois, na Dakota do Norte e no Kentucky revelaram que "o público dá mais apoio" do que ele imaginava. Mas, conforme os grandes felinos se tornarem mais abundantes, acrescentou, "as atitudes provavelmente mudarão".

O centro da diversidade genética do puma fica no Brasil, mas o hemisfério ocidental tem seis subespécies robustas ao todo.

Melanie Culver, geneticista da vida silvestre na Universidade do Arizona, diz que os pumas parecem ter evoluído há cerca de 300 mil anos de um felídeo, hoje extinto, semelhante ao leopardo. Quando os europeus chegaram à América, havia pumas em toda parte, mas a predação humana e a perda de habitat para a agricultura cobraram um alto preço.

Os pumas são predadores solitários, cujo terreno de caça pode variar muito de tamanho, dependendo das presas encontradas, do suprimento de água e da cobertura. Eles gostam de matas e terrenos elevados, mas podem viver em quase qualquer habitat que ofereça esconderijos.

Os filhotes dos pumas ficam com suas mães por até dois anos. Depois, os jovens machos tendem a se dispersar, em parte para evitar outros machos em seu território e também para diminuir as probabilidades de cruzamento endogâmico ou intrafamiliar. Depois que os pumas encheram os Estados montanhosos e o oeste do Texas, os jovens machos começaram a viajar para leste. (As fêmeas também se deslocam, mas tendem a ficar mais perto de casa.)

J. Nuckolls, fazendeiro de Wyoming, perdeu 15 carneiros em uma noite para um único puma.

Apesar de sua propensão a causar destruição em outros animais silvestres e gado (atacam animais até sete vezes maiores, incluindo alces, cavalos e bois), os pumas são considerados um incômodo administrável pelos fazendeiros e gozam de respeito, ao contrário dos lobos, outros caçadores legendários do oeste.

Não há uma explicação fácil para isso. O doutor Nielsen notou que os europeus não tinham experiência com grandes felídeos quando chegaram ao Novo Mundo, mas há muito vilipendiavam o "lobo mau".

Ogden Driskill, pecuarista do nordeste de Wyoming, deu uma explicação mais simples: "Os pumas são mais fáceis de caçar que os lobos e mais fáceis de controlar". Os pumas fogem de lobos ou de cães que ladram. Eles são previsíveis, os lobos não.

Mas, se hoje os pumas são mais fáceis de controlar, "as coisas vão mudar", disse Harley G. Shaw, biólogo da vida silvestre aposentado no Arizona. "Esse tempo talvez até já tenha chegado."


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