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New York Times

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Hollywood aposta sucesso em onda de docudramas

Narrativas baseadas em fatos reais têm marketing facilitado

Por MICHAEL CIEPLY

LOS ANGELES - O capitão Richard Phillips estava no oceano Índico quatro anos atrás, num barco cheio de piratas somalis, quando Hollywood reconheceu algo que poderia render um Oscar.

Produtores de cinema que acompanhavam o noticiário enxergaram ali o tema para um filme de não ficção de sucesso: um herói de ação envolvido num drama global na vida real.

As coisas terminaram bem, do ponto de vista cinematográfico: membros dos Seals (unidade de elite da Marinha americana) chegaram de helicóptero, três dos piratas foram mortos a tiros e o capitão Phillips foi resgatado ileso.

Dirigido por Paul Greengrass, o filme resultante, "Captain Phillips", tem Tom Hanks no papel-título e chegará aos cinemas em outubro. É um entre uma dúzia de narrativas de não ficção que estão atraindo astros e diretores de primeira linha e encontrando nicho entre plateias continuamente sintonizadas com as notícias.

Quase todo o mundo sabe alguma coisa sobre as histórias por trás dos novos filmes, o que confere a eles um reconhecimento que atua como motor de marketing já embutido. "A história já existe. Todo mundo em volta da mesa fala 'isso mesmo!'", falou Tom Hanks em entrevista, descrevendo a preferência atual dos executivos de estúdios quando analisam roteiros e propostas de filmes.

Hollywood geralmente não demora a aderir a uma fórmula que esteja dando certo, e o sucesso de crítica e de bilheteria de filmes como "A Rede Social" e "O Homem que Mudou o Jogo" vieram provar que narrativas baseadas em fatos reais podem ganhar dinheiro e prêmios, algo que está fora do alcance da maioria dos blockbusters do verão americano.

Ao mesmo tempo, dizem executivos e historiadores do cinema, a fragmentação das mídias aumentou a hesitação dos estúdios em investir em um drama puramente fictício. "É bem possível que estejamos vivendo a era de ouro desse tipo de filme, só que ainda não nos demos conta do fato", comentou Robert Birchard, editor do catálogo de longas-metragens do American Film Institute.

A lista abundante de filmes de não ficção deste ano começa com "Fruitvale Station", da Weinstein Company, sobre um jovem morto a tiros em 2009 por um agente de uma empresa de transportes públicos. Depois chegará "The Fifth Estate", sobre Julian Assange, o fundador do WikiLeaks, dirigido por Bill Condon, seguido por "Jobs", da Open Road, sobre Steve Jobs, o fundador da Apple, e "Mandela: Long Walk to Freedom", da Weinstein Company.

Outros filmes tratam de temas do passado recente ou distante. É o caso de "Rush: No Limite da Emoção", de Ron Howard, sobre os pilotos de Fórmula Um Niki Lauda e James Hunt, "Twelve Years a Slave", dirigido por Steve McQueen, sobre o sequestro de Solomon Northup no século 19, e "The Monuments Men", sobre pessoas que salvaram grandes obras de arte de serem destruídas por Hitler, com direção e atuação de George Clooney.

Cineastas também vêm usando a realidade com sofisticação crescente, envolvendo um nível incomum de pesquisas originais, como é o caso de "A Hora Mais Escura", ou uma abordagem detalhista que poderia ter sido vista como incômoda antes de os telefones celulares converterem a vida cotidiana em um grande documentário.

No filme sobre o ataque pirata de abril de 2009 contra o navio de carga Maersk Alabama, o roteirista, Billy Ray, foi contra a proposta de contar uma história política. Greengrass tinha feito isso com seu filme "Zona Verde", sobre a busca pelas armas de destruição em massa no Iraque.

"Sempre achei que essa fosse uma história policial -uma história de um crime, sem nenhum elemento político", disse Ray, que optou por não levar em conta a preocupação de Greengrass de mostrar a decisão final tomada pelos Seals -de disparar contra os piratas- não tanto como um triunfo, mas um fracasso da diplomacia.

Uma disputa legal pendente envolvendo alegações de que o capitão Phillips teria ignorado avisos para manter uma distância mais segura da Somália não aparece diretamente no filme, que enfoca o conflito pessoal entre dois homens muito diferentes: o capitão Phillips e o líder dos piratas, Abduwali Abdukhadir Muse.


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