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New York Times

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Fósseis de dinossauros nos EUA escapam da "ciência"

Por GRAHAM BOWLEY

Muitos paleontólogos concordam que os esqueletos de dinossauros escavados em Montana, em 2006, podem ser uma importante descoberta.

Os fósseis, aparentemente, mostram dois dinossauros engalfinhados em um combate mortal numa tumba do Cretáceo, o que pode representar uma rara janela para o comportamento dos dinossauros.

Mais importante ainda é o fato de que cada um dos esqueletos talvez represente um novo tipo de dinossauro -um Nanotyrannus lancensis, um tipo de tiranossauro, e um ceratopsídeo da subfamília Chasmosaurinae, parente próximo do Triceratops.

Os cientistas talvez nunca saibam com certeza. Esses esqueletos quase completos, que foram encontrados por prospectores comerciais em uma fazenda particular, não irão para um museu a fim de serem pesquisados. Em vez disso, os chamados "dinossauros duelistas de Montana" serão leiloados em novembro pela Bonhams, de Nova York, por um preço estimado em US$ 7 milhões a US$ 9 milhões.

"Isso enche os bolsos, mas prejudica a ciência", disse Thomas Carr, diretor do Instituto Carthage de Paleontologia, em Wisconsin. Ele se referia aos vendedores, entre os quais se incluem os donos da fazenda e os prospectores.

Um museu ainda poderá adquirir os fósseis ou um colecionador privado poderá disponibilizá-los para os cientistas. Porém, é a falta de garantia que inquieta os paleontólogos. Ao contrário do que ocorre em outros países, que controlam cuidadosamente os fósseis de dinossauros encontrados em terrenos públicos e privados, nos EUA esses achados pertencem ao proprietário do terreno.

Alguns especialistas dizem que o preço alto e as restrições brandas estimulam violações por parte de pessoas que caçam fósseis em terras federais ou os contrabandeiam de outros países, como a Mongólia. Em enormes feiras de fósseis, são expostos espécimes valorizados da Mongólia, da China e da Rússia.

Muitos paleontólogos reconhecem que há colecionadores comerciais que escavam sítios com cuidado.

Já os caçadores particulares de fósseis insistem que, sem sua atividade, muitos espécimes jamais teriam sido encontrados.

Os "dinos duelistas" foram descobertos há sete anos, na formação de Hell Creek, filão de rocha sedimentar que ocupa parte do subsolo de Montana, Wyoming e Dakotas do Norte e Sul.

Clayton Phipps, que se apresenta como Dino Cowboy, lembra-se do dia de junho de 2006 em que ele escavou o tiranossauro.

"Soltei um grito de guerra", disse Phipps, 40, que há 15 anos caça fósseis em Montana.

Os fósseis estavam bem preservados. Eles têm presos a si bolsões que podem ser de pele fossilizada, segundo Peter Larson, do Instituto Black Hill de Pesquisa Geológica, especialista e negociante de fósseis de Hill City, em Dakota do Sul, que teve contato com os achados em 2011.

Dentes do tiranossauro estavam incrustados no pescoço e nas costas do ceratopsídeo, disse ele, ao passo que o peito e o crânio do tiranossauro estavam esmagados como se o animal tivesse levado um chute do ceratopsídeo.

Os fósseis podem elucidar antigos debates científicos sobre a existência do tiranossauro pigmeu como um gênero à parte (há dúvidas se o fóssil não é simplesmente um T. rex jovem) e sobre a alimentação do animal (se ele caçava além de se alimentar de carniça).

Características notáveis do fóssil, incluindo as mãos relativamente grandes, um terceiro dedo e o formato do osso esterno indicam "sem dúvida", segundo Larson, que se tratava de um Nanotyrannus. O ceratopsídeo também pode representar um novo gênero, disse ele, conforme demonstram o formato incomum do crânio e da pelve e um chifre adicional -embora Larson ainda admita a hipótese de que possa se tratar de um exemplar de gênero e espécie já descritos, o Triceratops horridus.

Alguns especialistas estão céticos sobre as afirmações que os vendedores fazem.

O fato de os espécimes terem sido descobertos lado a lado, por exemplo, não significa que eles estivessem lutando.

Outros especialistas temem que seu valor científico tenha se perdido. "Não acho que seja importante, pois não foi coletado como um espécime científico", disse o paleontólogo Jack Horner, da Universidade Estadual de Montana, veterano especialista em dinossauros.

Mas Larson disse que Phipps escavou os fósseis seguindo os mais altos padrões, incluindo o cuidado de tirá-los do chão em grandes blocos de terra, para que o contexto da sua descoberta pudesse ser posteriormente estudado. "Eu compararia nossos esforços com os de qualquer museu", disse ele.


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