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New York Times

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Cativeiro de orcas motiva debate

Por JAMES GORMAN

A baleia assassina (ou orca), um dos animais mais sociáveis, inteligentes e carismáticos do planeta, deve ser mantida em cativeiro por seres humanos?

Essa é a pergunta que está sendo feita por cientistas e ativistas do bem-estar animal.

Encontradas em todos os oceanos do mundo, as baleias assassinas já foram tão desprezadas quanto os lobos. O nome não surgiu por ela ser uma baleia especialmente malvada, mas sim por caçar outras baleias, além de peixes, pinguins e focas.

Com uma duração de vida que se aproxima da humana, as orcas possuem sólidos laços familiares, uma complexa comunicação vocal e estratégias de caça colaborativa. Sua beleza e força, somadas à disposição para cooperar com os humanos, fazem delas artistas legendárias nos parques marinhos do mundo todo desde a década de 1960.

Há anos, cientistas e ativistas criticam o treinamento de orcas para exibições e a manutenção delas em tanques artificiais. Eles propõem ambientes mais naturais, como currais fechados no mar, e também o fim da reprodução em cativeiro (as orcas não são mais retiradas da natureza).

Agora, a questão ganhou nova intensidade com o documentário "Blackfish", em exibição nos EUA, Reino Unido, Canadá e Nova Zelândia, e com o livro "Death at SeaWorld" (Morte no SeaWorld), de David Kirby, recém-lançado.

O filme e o livro tratam da morte, em 2010, da adestradora Dawn Brancheau no parque aquático SeaWorld, em Orlando (na Flórida). Ela foi arrastada para debaixo da água por uma baleia chamada Tilikum, que já havia se envolvido em duas mortes.

Tanto o filme quanto o livro argumentam que as ações de Tilikum foram deliberadas e que seu comportamento resultou do dano psicológico do cativeiro. O SeaWorld diz que a morte foi acidental. Independentemente dessa morte, há uma discordância fundamental sobre se as baleias assassinas e os demais cetáceos -baleias, golfinhos e botos- devem mesmo ser mantidos em cativeiro. É algo que lembra o movimento que busca colocar em santuários todos os chimpanzés cativos.

Mas a situação das baleias assassinas é diferente. Há muito menos delas em cativeiro -um total de 45 no mundo todo, segundo a organização Whale and Dolphin Conservation,- e alguns cientistas que trabalharam com golfinhos cativos colocam as orcas numa categoria à parte por causa do seu tamanho, da sua abrangência espacial na natureza e do caráter coeso dos seus grupos sociais.

Os machos podem chegar a dez metros de comprimento e pesam até mil quilos. As fêmeas são menores, mas vivem mais. Os machos podem chegar a 60 anos, as fêmeas, a 90. As baleias vivem em grupos familiares. Os subgrupos diferem quanto à dieta e aos traços físicos. As orcas podem percorrer até 160 km por dia. Os comportamentos de diferentes grupos são tão diversos que os cientistas falam na existência de diferentes culturas.

Oponentes do cativeiro reconhecem que os animais, por sua própria segurança, não deveriam ser soltos na natureza. Em vez disso, eles gostariam que as orcas fossem mantidas em ambientais maiores e mais naturais.

A bióloga Naomi Rose, especialista em baleias, disse que a criação de santuários para orcas é possível e deveria ser feita por empresas como o SeaWorld, que possui 22 orcas. Alguns aquários Sea Life, especialmente na Europa, já vêm explorando com a Whale and Dolphin Conservation a possibilidade de um santuário para golfinhos nariz-de-garrafa.

Mas tanto o SeaWorld quanto a Associação de Zoos e Aquários diz que esses santuários seriam a solução para um problema que não existe. Christopher Dold, vice-presidente de serviços veterinários do SeaWorld, argumenta que as orcas nas instalações do SeaWorld já têm "uma qualidade de vida fenomenal". O SeaWorld diz oferecer atendimento veterinário de alto nível e programas de aperfeiçoamento psicológico.

Numa reunião da Sociedade de Mastozoologia Marinha na Nova Zelândia, Rose apresentará um estudo sobre a sobrevivência de orcas cativas. Ela diz que o trabalho mostra que as orcas cativas não vivem tanto quanto as selvagens. A comunidade científica, disse ela, precisa confrontar algumas "duras verdades".


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