São Paulo, segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

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Arte moderna feita entre pedras muito antigas

Por ANDREW FERREN
Cuenca, histórica e pitoresca cidade espanhola no alto de uma colina a duas horas de carro a leste de Madri, possui atrações culturais muito mais extensas do que suas dimensões modestas (56 mil habitantes) poderiam dar a supor.
Tendo sido originalmente uma fortaleza moura no século 8, Cuenca fica no alto de um espinhaço rochoso, com estruturas seculares erguidas em suas encostas. As mais dramáticas dessas construções são as Casas Colgadas -as "Casas Penduradas" no alto do desfiladeiro do rio Húecar-, que abrigam o Museu Espanhol de Arte Abstrata.
Na década de 1960, a distante e acidentada Cuenca foi o berço da arte abstrata espanhola. Vários artistas tinham casas e ateliês na cidade -Gerardo Rueda, Antonio Saura, Gustavo Torner-, mas o museu deve sua existência a Fernando Zóbel (1924-1984), que, em 1966, decidiu dividir sua coleção com o público, incluindo suas próprias obras e, para isso, abriu o museu, com a ajuda de seus colegas artistas Torner e Rueda. O museu não demorou a ganhar reputação mundial.
"O que vocês fizeram em Cuenca é certamente uma das obras de arte mais admiráveis e mesmo brilhantes", escreveu a Zobel Alfredo Barr, ex-diretor do Museu de Arte Moderna de Nova York, em 1970, depois de visitar o museu. "Um equilíbrio notável de pintura, escultura e arquitetura."
Pelo menos meia dúzia de museus e fundações ocupa várias das construções vizinhas.
Uma coisa que não se deve deixar de conhecer é a coleção de Antonio Pérez, assim como trabalhos mais recentes de Miquel Barceló e Andy Warhol. E há o Espacio Torner, uma exposição de obras de Gustavo Torner em uma capela do século 16.
A alguns passos de distância, a impressionante catedral gótica de Cuenca, que começou a ser construída em 1182 e, como a maioria das outras igrejas da cidade, sofreu graves danos durante a Guerra Civil espanhola, foi renovada, ganhando novos vitrais em sua nave e suas capelas laterais, obras de Torner e Rueda.
É claro que algumas opções culturais disponíveis na cidade não se limitam à arte abstrata. É o caso do novo Museu da Semana Santa de Cuenca, que destaca as exuberantes procissões da Semana Santa, que atraem milhares de visitantes a Cuenca na primavera de cada ano.


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