|
Texto Anterior | Índice
IMPRENSA E SOCIEDADE
A auto-regulação é possível?
A síntese da discussão a respeito do relacionamento da imprensa com a sociedade é a auto-regulação. Encaminhei para
dois jornalistas experientes a seguinte questão: você acredita
que a imprensa brasileira seja
capaz de se auto-regular? Se
não, por quê? Se sim, de que forma? Eis as respostas.
Carlos Eduardo Lins da Silva é
jornalista e diretor da Patri Relações Governamentais & Políticas Públicas. Foi diretor-adjunto de Redação do "Valor
Econômico" e da Folha. É autor
de vários livros sobre jornalismo, como "O Adiantado da Hora" (Summus, 1990), "Mil Dias"
(Trajetória Cultural, 1988) e
"Muito Além do Jardim Botânico" (Summus, 1985).
"Acho que a imprensa brasileira tem as condições para se
auto-regular. Mais do que isso,
acho que ela tem necessidade e
dever de fazê-lo. Creio que a sociedade faz bem em exigir mais
qualidade, equilíbrio e pluralidade. Se a imprensa não cuidar
desse assunto, tentativas estatais para controlá-la vão acontecer novamente e/ou parcelas
cada vez maiores do público
vão deixar de confiar nela e, afinal, abandoná-la. Creio que a
melhor maneira de exercer esse
autocontrole seja alguma fórmula similar à que os publicitários brasileiros já vêm usando, o
Conar, que é apenas indicativo,
não punitivo. Ou o tradicional
Conselho de Imprensa britânico. Ou ainda a disseminação de
ombudsman."
Geraldinho Vieira, 46, é jornalista, conselheiro da Andi
(Agência de Notícias dos Direitos da Infância e representante
da Fundação Avina no Brasil).
É autor do livro "Complexo de
Clark Kent - são Super-Homens os Jornalistas?" (Summus, 1991).
"Não. Donos de meios de comunicação e jornalistas devem
compreender e respeitar que há
atualmente uma grande inquietação na sociedade quanto
à qualidade da informação,
sendo o acesso a ela um direito
do cidadão. Se julgarmos a
questionável qualidade da formação do profissional diante
da nova agenda mundial, a urgente necessidade de ampliar as
vozes que compõem o noticiário
e até um cenário que coloca em
dúvida a real liberdade e independência dos meios, é normal
que se busque de forma organizada a promoção de um diálogo permanente e transparente
com os vários segmentos da sociedade. Essa forma, creio, deve
inspirar-se pelo interesse público e não admitir sombras de
censura. Quando os meios são
empresas privadas e seus donos
têm o direito de possuir quantos
veículos de comunicação sejam
capaz de negociar e custear,
quando políticos e empresários
de comunicação são praticamente os mesmos em muitos
pontos do país, admitir que haja um diálogo crítico com a sociedade é o mínimo que se pode
desejar. Esse debate não se resume à questão da "liberdade de
imprensa" mas também à "liberdade de empresa" e portanto à
sua responsabilidade social."
Texto Anterior: Próspero 2005! Índice
Marcelo Beraba é o ombudsman da Folha desde 5 de abril de 2004. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Marcelo Beraba/ombudsman,
ou pelo fax (011) 224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br. |
Contatos telefônicos:
ligue (0800) 15-9000; se deixar recado na secretária eletrônica, informe telefone de contato no horário de atendimento, entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira. |
|