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Primeiro tango

Convocados às urnas para fazer uma seleção prévia dos candidatos que disputarão o pleito parlamentar de outubro, os argentinos mostraram que não pretendem apoiar a busca de um terceiro mandato por parte da presidente Cristina Kirchner.

O principal vitorioso das eleições primárias realizadas na Argentina foi o postulante a deputado Sergio Massa, prefeito de Tigre, um subúrbio da capital.

Seu feito foi bater o governista Martín Insaurralde na província de Buenos Aires, que reúne 37,3% dos eleitores do país. Ao conquistar 35% dos votos, contra 29,6% do rival, Massa já se credencia como candidato à Presidência em 2015.

Ele não faz parte, contudo, da oposição tradicional ao kirchnerismo. Foi responsável pela Previdência no governo de Néstor Kirchner (2003-2007) e chegou a ministro-chefe da atual presidente. O rompimento entre os dois data de 2010, quando vazaram conversas em que Massa acusava Néstor Kirchner de ser um "monstro psicopata".

Se o prefeito de Tigre surge como a novidade eleitoral da fragmentada oposição, a derrota de Cristina Kirchner, em certa medida esperada, chamou a atenção pela contundência. Embora a frente oficial tenha ficado em primeiro lugar nas primárias, com 26% do total nacional de votos, foi o pior desempenho da situação desde 1983.

O resultado é particularmente surpreendente porque a mandatária havia sido reeleita em 2010 com 54% dos votos --o melhor resultado de um candidato desde a redemocratização do país.

Cristina, agora, vê seu cacife político minguar. O fiasco praticamente elimina a chance de o governo obter dois terços do Congresso, o necessário para alterar a Constituição e permitir que a presidente dispute um terceiro mandato.

Muitos fatores contribuíram para a derrota, como escândalos de corrupção e o autoritarismo de Cristina. Mas o mau desempenho da economia teve papel decisivo. Depois de crescer em média 7,3% ao ano a partir de 2003, o PIB argentino, em 2012, aumentou 1,9% e não deverá chegar a 3% em 2013.

Nessas condições, a elevada inflação (cerca de 20%, segundo cálculos independentes) mostra-se bem menos suportável. Além disso, o governo restringiu de maneira drástica a compra de dólares para conter a fuga de divisas. As cotações dispararam, e a medida foi interpretada como um sinal de que a crise econômica é grave.

Em tese, a presidente ainda pode reagir, mas os sinais de que o ciclo kirchnerista se aproxima do fim são cada vez mais enfáticos.


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