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Opinião

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Torcida elétrica

O setor de eletricidade no Brasil segue submetido à ansiedade, na ausência de um planejamento consequente para afastar de vez o risco de apagões, localizados ou não. Até as cidades que sediarão a Copa do Mundo podem viver surpresas desagradáveis durante o evento.

Na ponta da produção, a energia armazenada nos reservatórios de usinas hidrelétricas ainda suscita desconforto. O nível das represas do Sudeste e do Centro-Oeste, onde se concentram cerca de 70% da capacidade geradora instalada no país, está na marca de 35,5%.

Em 2001, ano do grande apagão, o nível fechou fevereiro em 33,5% no Sudeste. É incerto, agora, que chegue ao final de abril, quando as chuvas passam a escassear, no patamar de 43%, considerado seguro pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

A apreensão quanto à Copa se localiza no campo da distribuição, com os atrasos de obras prioritárias para garantir energia nas 12 sedes. O alerta se encontra numa nota técnica (nº 14), divulgada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no último dia 24.

Das 136 obras acordadas entre concessionárias distribuidoras e Aneel, 45 ainda não ficaram prontas --embora isso devesse ter ocorrido em dezembro do ano passado.

Um terço de tudo o que estava previsto para construção e instalação --subestações, novas linhas aéreas e subterrâneas, disjuntores-- está fora do cronograma, nesta altura. Uma conjuntura pior que a de setembro, quando um quarto das providências se achava em atraso (ainda assim, um desempenho lamentável das distribuidoras).

Os problemas se apresentam em 9 das 12 capitais que receberão jogos. As situações mais preocupantes rondam Porto Alegre, Curitiba e Manaus, cujos Estados somam metade (23) das obras atrasadas.

O quadro-resumo preparado pela Aneel provoca calafrios. Algumas ações na Bahia e em Minas Gerais aparecem listadas com conclusão prevista apenas para maio, por assim dizer na antevéspera do torneio que terá sobre si os olhos de espectadores do mundo todo.

A nota técnica da Aneel ressalva que a maioria dos atrasos observados não oferece, neste momento, risco à confiabilidade do abastecimento de energia para a Copa, mas exclui dessa avaliação tranquilizadora os casos do Rio Grande do Sul, do Paraná e do Amazonas.

Num país mais previdente, todas as obras já estariam terminadas. Torcer para que tudo dê certo é para fãs de futebol, não para administradores de serviços públicos.


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