São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011 |
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CLAUDIA ANTUNES Fazendo amigos RIO DE JANEIRO - Não é pelo cenário sem igual que Barack Obama tentará resgatar, em discurso público no Rio, a magia de grande comunicador corroída desde sua campanha à Presidência, há três anos. Em todo o mundo, o estabelecimento de boas relações com populações e organizações não governamentais é uma parte tão importante da diplomacia americana quanto o relacionamento com os Estados. Se na Guerra Fria o foco dessa atividade era combater o comunismo, e se ainda hoje o grosso das verbas vai para a oposição a governos rivais, o Brasil não está fora da regra que visa construir uma rede de simpatia, ou mesmo de interlocução, que resista a reviravoltas políticas. No Rio, os EUA promovem cursos de inglês em favelas. Nos últimos oito anos, cerca de 1.200 brasileiros foram beneficiados por bolsas e intercâmbios da Diplomacia Pública, que no final dos anos 90 substituiu a Usia (agência de informação americana). Entre outras ações do tipo, a embaixada americana tem sido um dos patrocinadores da Anpocs, a associação nacional de pesquisa em ciências sociais. Um centro da AFL-CIO, central sindical dos EUA ligada ao Partido Democrata e antiga interlocutora do PT, recebe verbas oficiais para estimular a sindicalização no Brasil. Mesmo no Egito do aliado Hosni Mubarak, os EUA financiavam organizações oposicionistas mais afins às suas ideias e interesses. Vem dessa gama de programas, suporte do poderio militar e econômico, certa onipotência de analistas americanos, que buscam o dedo do país em todos os acontecimentos. E também a paranoia dos inimigos, temerosos de "revoluções coloridas" como as apoiadas por Washington na periferia da Rússia. Há exagero nas duas visões. As próprias rebeliões no Oriente Médio mostram que o fruto da mudança amadurece com mais vigor de dentro para fora. Texto Anterior: Brasília - Fernando Rodrigues: Gaddafi, Lula e o Brasil Próximo Texto: Antonio Delfim Netto: Mandelbrot Índice | Comunicar Erros |
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