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Polícia vai ouvir 200 envolvidos em fraude em Ribeirão

Moradores teriam pagado propina para ganhar casas populares em programa administrado pela prefeitura

Mulher apontada como a responsável pelo esquema envolve nome da prefeita, que nega participação no caso

ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO
GABRIELA YAMADA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIBEIRÃO PRETO

A Polícia Civil de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) vai começar a ouvir nesta semana o depoimento de cerca de 200 pessoas que teriam pagado para "furar" a fila do sorteio de casas populares na cidade.

O delegado Marcelo Velludo, do 4º Distrito Policial de Ribeirão, vai intimar também a prefeita Dárcy Vera (PSD).

O nome de Dárcy foi citado pela autônoma Marta Aparecida Mobiglia, 45, suspeita de ser a responsável pela negociação de valores em troca do recebimento das casas.

Marta disse à polícia que Dárcy recebia documentos e o montante arrecadado por meio de sua irmã caçula, Marli Vera. Cada pessoa pagou entre R$ 1.500 e R$ 3.000, de acordo com a autônoma.

O dinheiro, segundo Marta, era levado por um motoqueiro. Até o momento, o nome da prefeita foi o único citado -Dárcy diz que a acusação é mentirosa (leia ao lado).

Na última quarta-feira, a prefeita entregou à polícia fitas de vídeo com imagens dos sorteios das casas entregues durante seu governo.

A lista com os nomes e telefones das cerca de 200 pessoas foi entregue ao delegado na última sexta-feira pelos advogados de Marta e da arquiteta Maria Rosa Lopes Ferreira, 57.

As duas foram detidas no dia 8 deste mês por suposto envolvimento no caso, mas foram liberadas em seguida. A polícia pediu à Justiça a quebra do sigilo telefônico do celular de Marta.

Em depoimento, Maria Rosa negou participação no esquema e disse que apenas emprestou sua casa para que a amiga pudesse trabalhar.

Ela confirmou a existência das cobranças e disse que o dinheiro era entregue para alguém da prefeitura. A arquiteta disse, no entanto, que não sabe se a prefeita está envolvida no caso.

O esquema teria ocorrido no conjunto habitacional Paulo Gomes Romeo, construído pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo) e distribuído pela Cohab de Ribeirão Preto.

Dirigentes da Cohab-RP e da CDHU devem ser intimados a depor, diz o delegado.

Milton Vieira de Souza Leite, diretor regional da CDHU, confirmou que recebeu informações sobre possíveis fraudes antes de o assunto virar alvo de inquérito policial.

As denúncias, diz ele, nunca foram confirmadas. Segundo Leite, o único papel da CDHU foi construir as casas e habilitar as famílias cadastradas pela Cohab-RP.

O presidente da Cohab-RP, Silvio Martins, afirmou que não há indícios do envolvimento de pessoas do poder público no suposto esquema.

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