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Policial 'gente boa' atenua conflitos no Rio

Coquetéis molotov não foram mais usados contra a Polícia Militar desde que oficial passou a acompanhar atos

Tenente-coronel da PM tenta controlar danos durante os protestos no RJ e ganha a confiança dos manifestantes

LUCAS VETTORAZZO DO RIO

Desde que ele começou a circular nos protestos no Rio, não houve mais coquetéis molotov atirados contra a polícia. Os confrontos e as depredações diminuíram e ao menos quatro manifestações terminaram sem problemas.

O tenente-coronel da Polícia Militar Mauro Maciel de Andrade, 43, é o oficial à frente do recém-criado Grupamento de Policiamento de Proximidade em Multidões. A unidade, com 180 homens, foi criada após o confronto de 22 de julho em frente ao Palácio Guanabara, após a recepção ao papa Francisco.

Na ocasião, coquetéis molotov e bombas caseiras foram lançadas contra os PMs, que revidaram com bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Manifestantes acusam agentes infiltrados de terem iniciado a confusão.

Desde o episódio, a polícia reduziu o efetivo dos P2 --agentes à paisana que se misturavam aos manifestantes. Sob o comando de Andrade, grupos de policiais identificados por números e letras passaram a acompanhar os atos de perto, revistando mochilas em busca de artefatos.

O novo estilo tem como peça fundamental o jogo de cintura de Andrade. Quando ele chega, com suas luvas e uma arma de choque no coldre, os manifestantes dizem que "o E-10 é gente boa", em referência à sua identificação.

Já foi visto sentado no meio-fio conversando com manifestantes no Leblon e aconselhando um deles a não agir violentamente contra policiais em frente ao Palácio Guanabara: "Solta essa pedra, rapaz. Para de chutar a grade. Se o Choque vier vai ser pior para todo mundo".

Ganhou o respeito dos "black blocs" quando, durante um protesto, mandou que seus homens ficassem na calçada e subiu sozinho as escadarias da Assembleia Legislativa e cumprimentou os homens de preto --um a um.

"Quando vi aquilo pensei: o Mauro é maluco", disse um ativista que está em quase todos os protestos. "Impressiona a calma dele e seu respeito pelos manifestantes."

Andrade é um dos idealizadores do grupamento, inspirado no trabalho da PM do Rio nos estádios de futebol. "Minha meta é reduzir os feridos de ambos os lados. Essa é a filosofia da polícia de Israel, a que mais lida com protestos no mundo", diz.

Com três cursos superiores (oficial pela PM, odontologia e direito) e duas pós-graduações, uma na FGV, ele diz entender as demandas das ruas.

Afirma que não está cansado de seguir os atos. Acredita que o país vive um momento histórico e diz que se orgulhará, no futuro, de "ter trabalhado para reduzir ao máximo os danos de ambos os lados".

Casado, com duas filhas pequenas, Andrade, que já foi assessor jurídico de Josias Quintal, secretário de Segurança de Anthony Garotinho, diz que quem não está nada satisfeita com o momento político brasileiro é sua mulher.

A cada protesto ela instala um centro de comando em casa: "Ela liga dois tablets, dois iPhones e um iPod Touch na Mídia Ninja e fica acompanhando em tempo real. Minha mulher me vê mais na internet que em casa", brinca.


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