São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

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Políticos divergem sobre janela para a troca de legenda

Reforma política é tema de debate entre autoridades que participaram do evento dos 90 anos da Folha

Petistas rejeitam a proposta de mudar as regras para que sejam eleitos só candidatos que tiverem mais votos

MARIO CESAR CARVALHO
CATIA SEABRA

DE SÃO PAULO

Nem partidos que têm tradição de seguir uma estratégia da ordem unida nos debates políticos, como o PT, têm uma posição comum sobre a criação de uma janela para a troca de partidos.
A discordância ficou evidente na festa dos 90 anos da Folha, realizada anteontem na Sala São Paulo (centro).
Enquanto petistas como a senadora Marta Suplicy (SP) e o deputado federal Jilmar Tatto rechaçam a medida, o líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza, e o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) são favoráveis, com alguns senões, à criação de um prazo em que os políticos poderiam trocar de partido sem serem penalizados -hoje eles podem perder o cargo.
Tatto até debocha dos eventuais resultados de um período para a troca: "Janela para quê? Para inchar o PMDB? O DEM ia acabar. É a única coisa boa da janela".

CASUÍSMO
Os presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), dizem ser contrários a essa medida.
"A janela partidária é casuísmo. Mas o país precisa de uma rearrumação partidária.
Vai haver um momento que será necessária uma rearrumação partidária da legitimidade. Os partidos estão muito superficiais", diz Sarney.
Para Maia, a discussão sobre a janela partidária está fora do tempo: "Quem queria mudar podia fazer isso na eleição. Digo isso, embora ela viesse a beneficiar os partidos da base aliada. Temos de passar por um processo de fusão de partidos. Quanto menos partidos tivermos, melhor para a democracia".
Já o ministro da Justiça e o líder do PT na Câmara impõe uma condição para a janela -a realização de uma reforma para fortalecer partidos.
Vaccarezza detalha o seu projeto: o político só poderia sair do partido se concorresse ao mesmo cargo. "Um deputado não poderia trocar de partido para concorrer a um governo estadual".
O senador Aécio Neves (PSDB-MG), o ministro Alexandre Padilha (Saúde) e Vaccarezza concordam que a troca, feita no âmbito de uma reforma política, ocorra no final do mandato. "Não se pode criar uma camisa-de-força. Se aprovarmos para agora, perderemos a credibilidade", diz Aécio.

INTERESSES PONTUAIS
O caos de posições pode ser certificado pelas declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia). O tucano e o petista são contra.
Para FHC, não se pode flexibilizar a legislação para atender a interesses pontuais -a eventual saída de Gilberto Kassab do DEM é o exemplo mais evidente.
A posição de Marco Maciel, ex-senador e ex-vice-presidente da República, parece dar razão à gozação de Tatto de que a janela tornaria o DEM, partido que ajudou a criar, ainda mais esquálido: "Não contribui para o fortalecimento dos partidos".
Consenso dentro do PT só há sobre a figura do chamado distritão, a proposta do vice-presidente da República, Michel Temer: o partido é contra a ideia de se eleger os mais votados numa determinada área, independente dos votos obtidos pelo partido.
"Sou totalmente contra porque acaba com os partidos", diz Marta.


Colaboraram VERA MAGALHÃES, VALDO CRUZ, FABIO ZANINI e CLAUDIA ROLLI


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