|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Políticos divergem sobre janela para a troca de legenda
Reforma política é tema de debate entre autoridades que participaram do evento dos 90 anos da Folha
Petistas rejeitam a proposta de mudar as regras para que sejam eleitos só candidatos que tiverem mais votos
MARIO CESAR CARVALHO
CATIA SEABRA
DE SÃO PAULO
Nem partidos que têm tradição de seguir uma estratégia da ordem unida nos debates políticos, como o PT,
têm uma posição comum sobre a criação de uma janela
para a troca de partidos.
A discordância ficou evidente na festa dos 90 anos da
Folha, realizada anteontem
na Sala São Paulo (centro).
Enquanto petistas como a
senadora Marta Suplicy (SP)
e o deputado federal Jilmar
Tatto rechaçam a medida, o
líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza, e o ministro José Eduardo Cardozo
(Justiça) são favoráveis, com
alguns senões, à criação de
um prazo em que os políticos
poderiam trocar de partido
sem serem penalizados -hoje eles podem perder o cargo.
Tatto até debocha dos
eventuais resultados de um
período para a troca: "Janela
para quê? Para inchar o
PMDB? O DEM ia acabar. É a
única coisa boa da janela".
CASUÍSMO
Os presidentes do Senado,
José Sarney (PMDB-AP), e da
Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), dizem ser
contrários a essa medida.
"A janela partidária é casuísmo. Mas o país precisa de
uma rearrumação partidária.
Vai haver um momento que
será necessária uma rearrumação partidária da legitimidade. Os partidos estão muito superficiais", diz Sarney.
Para Maia, a discussão sobre a janela partidária está
fora do tempo: "Quem queria
mudar podia fazer isso na
eleição. Digo isso, embora
ela viesse a beneficiar os partidos da base aliada. Temos
de passar por um processo de
fusão de partidos. Quanto
menos partidos tivermos,
melhor para a democracia".
Já o ministro da Justiça e o
líder do PT na Câmara impõe
uma condição para a janela
-a realização de uma reforma para fortalecer partidos.
Vaccarezza detalha o seu
projeto: o político só poderia
sair do partido se concorresse ao mesmo cargo. "Um deputado não poderia trocar de
partido para concorrer a um
governo estadual".
O senador Aécio Neves
(PSDB-MG), o ministro Alexandre Padilha (Saúde) e
Vaccarezza concordam que a
troca, feita no âmbito de uma
reforma política, ocorra no final do mandato. "Não se pode criar uma camisa-de-força. Se aprovarmos para agora, perderemos a credibilidade", diz Aécio.
INTERESSES PONTUAIS
O caos de posições pode
ser certificado pelas declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o
ministro Aloizio Mercadante
(Ciência e Tecnologia). O tucano e o petista são contra.
Para FHC, não se pode flexibilizar a legislação para atender a interesses pontuais -a
eventual saída de Gilberto
Kassab do DEM é o exemplo
mais evidente.
A posição de Marco Maciel, ex-senador e ex-vice-presidente da República, parece dar razão à gozação de
Tatto de que a janela tornaria
o DEM, partido que ajudou a
criar, ainda mais esquálido:
"Não contribui para o fortalecimento dos partidos".
Consenso dentro do PT só
há sobre a figura do chamado distritão, a proposta do vice-presidente da República, Michel
Temer: o partido é contra a
ideia de se eleger os mais votados numa determinada
área, independente dos votos obtidos pelo partido.
"Sou totalmente contra
porque acaba com os partidos", diz Marta.
Colaboraram VERA MAGALHÃES, VALDO
CRUZ, FABIO ZANINI e CLAUDIA ROLLI
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Comemoração reúne os líderes dos três Poderes Índice | Comunicar Erros
|