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Ônibus circulam mais lotados em Ribeirão
Estudo de associação nacional aponta que a cidade apresenta índices piores que capitais como Cuiabá e Aracaju
Prefeitura de Ribeirão afirma que reformulação no sistema fez cair a lotação neste ano
Ribeirão Preto é a cidade do país na faixa populacional de 500 mil a 700 mil habitantes que apresenta maior lotação de ônibus nas ruas.
Segundo dados da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), o IPK (Índice de Passageiros por Quilômetro) da cidade é superior ao apresentado por capitais como Cuiabá (MT) e Aracaju (SE), e supera cidades paulistas como São José dos Campos e Santo André.
O índice de Ribeirão em 2011 --último dado disponível para as 13 cidades brasileiras nessa faixa populacional-- era de 2,72, bem à frente de Cuiabá (MT), a segunda do ranking, com 2,43, e São José dos Campos, com 2,36 (veja quadro nesta página).
Para o especialista em trânsito e professor aposentado da USP (Universidade de São Paulo) José Bernardes Felex, o alto índice de Ribeirão denota uma "exploração" dos usuários do transporte público e a administração deveria pensar em um meio de transporte com maior capacidade e menor custo.
Já o coordenador do curso de gerente de cidades da Faap de Ribeirão Preto e mestre em economia pela USP, Victor Nozaki, afirmou que faltam ônibus e as linhas estão mal planejadas.
Para o especialista, o poder público deve avaliar o plano diretor de transporte municipal, o viário da cidade, o sistema de semáforos e a falta de planejamento de grandes empreendimentos que a cidade recebe.
"Todos esses fatores colaboram para prejudicar a qualidade de vida na cidade, que é um organismo vivo. Você aperta aqui, sente o afeito ali", afirmou.
A Prefeitura de Ribeirão Preto informou que, com a reformulação no transporte público que foi implantada no início deste ano, o índice de lotação foi reduzido.
Além de os ônibus circularem mais lotados, Ribeirão Preto também é uma das campeãs em custo do transporte coletivo: é a quinta na lista, com preço de R$ 2,80.
Resultado desse cenário, na visão de especialistas, é o crescimento nas vendas de veículos acima da média nacional, apontado em pesquisa divulgada na última semana pelo Ceper (Centro de Pesquisas em Economia Regional), da Fundace.
DIA A DIA
A diarista Andreia da Silva, 30, que utiliza ônibus todos os dias para ir e voltar do trabalho, afirmou que não percebeu as mudanças implementadas pela Prefeitura de Ribeirão Preto.
A Folha a acompanhou no ônibus que faz a linha do Jardim Amália às 18h30 na última quinta-feira.
Sem lugar para se sentar, ela não conseguiu nem sair de perto da roleta, local em que ficou até o ponto de desembarque. "Todo dia é assim. Quando vou trabalhar e quando volto."
A mesma sensação de Andreia foi apontada pela aposentada Maria Helena Pereira de Souza, 70, que usa ônibus três vezes por semana.
"Agora ando um pouco mais até chegar a um ponto que, quando o ônibus passa, ainda está vazio."