Ribeirão Preto, Quarta-feira, 23 de Fevereiro de 2011

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Abuso de crianças cresce em São Carlos

Total de casos registrados em 2010 no município é quase 60% maior do que a soma dos quatro anos anteriores

Prefeitura diz que aumento ocorre porque população tem confiança maior em denunciar a violência


Silva Junior/Folhapress
Criança em abrigo na cidade de São Carlos que sofreu algum tipo de violência; registro de abusos cresceu quase 60%

HÉLIA ARAUJO
DE RIBEIRÃO PRETO

O número de abusos contra crianças e adolescentes teve um crescimento de quase 60% em São Carlos. No ano passado foram registrados 147 casos, ante os 93 cadastrados nos quatro anos anteriores somados.
Neste ano, já foram 18 casos, todos de abuso sexual. O mais recente foi descoberto na última quarta-feira, quando um lixeiro de 32 anos e o irmão de 24 foram presos, suspeitos de abuso sexual contra quatro crianças -de 8, 9, 10 e 11 anos.
Segundo a polícia, elas sofriam abuso havia pelo menos seis meses. A denúncia partiu de uma tia das crianças, depois que elas foram passar férias em São Paulo.
No banho, a tia percebeu lesões no corpo das crianças, que contaram o abuso cometido pai e pelo tio.
"Pelo menos 90% dos casos de abusos, sejam sexuais ou não, acontecem no âmbito familiar. Por isso é importante dar ouvidos ao que as crianças relatam", afirmou a psicóloga do abrigo infantil de São Carlos, Gisele Iori.
Segundo ela, também é importante observar marcas no corpo das crianças, mudanças bruscas de comportamento e queda no rendimento escolar.
O conselheiro Marcos Alexandre da Fonseca, do Conselho Tutelar de São Carlos, afirma que as denúncias são essenciais para ajudar as vítimas de abuso.
Normalmente, segundo Fonseca, as denúncias chegam por meio de vizinhos, amigos e familiares. Órgãos públicos também solicitam apoio do Conselho para resolver alguma suspeita.
"Professores, monitores de creches e profissionais da saúde têm que estar preparados para observar possíveis casos de abusos."

CONFIANÇA
Segundo a secretária Roselene Mendes dos Santos (Cidadania e Assistência Social), um dos motivos do aumento foi a confiança maior em denunciar os casos.
"Não podemos fechar os olhos e dizer que não aumentou o número de casos, mas também aumentou a confiança da população para criar coragem e denunciar."
De acordo com ela, há um conjunto de políticas públicas que vem sendo executados no sentido de identificar e inibir novos casos.
Os profissionais de educação, por exemplo, passaram por cursos para aprenderem como identificar quando um menor está sendo vítima.
"Esse tipo de atrocidade causa danos muitas vezes irreversíveis e precisamos de todo apoio para tentar frear o aumento dos casos."
As denúncias podem ser feitas anonimamente pelos números 0800-7710043, 153 ou pelo 100.


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