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"Smartphone justo" quer mudar o modo de produzir eletrônicos

"Fairphone" não usa minerais de áreas de conflito e tem fundo para pagar melhor operários

Empresa começou como uma ONG para denunciar empresas que financiavam a guerra civil do Congo

BRUNO FÁVERO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O que um usuário leva em conta ao escolher um novo smartphone? Preço, sistema operacional, tela, resolução da câmera? A empresa holandesa Fairphone quer que consciência social se torne um desses critérios.

A start-up faz atualmente a pré-venda de um "smartphone justo", que reflete preocupações com o meio ambiente, condições de trabalho e a relação entre fabricante e consumidor.

Desde janeiro, cerca de 11 mil telefones foram encomendados. A Fairphone se prepara para entregar os primeiros aparelhos em outubro.

A empresa começou há três anos, na Holanda, como uma ONG criada para chamar a atenção das empresas e dos consumidores para os problemas sociais da cadeia de produção de eletrônicos.

O que mais alarmava os três membros da organização de então --hoje são nove-- era a extração de matérias-primas como estanho, tântalo, tungstênio e ouro.

Essenciais para a produção de eletrônicos, eles são conhecidos como "minerais de conflito", em referência às milícias armadas que atuam em países da África (principalmente a República Democrática do Congo) e que lucram com seu contrabando.

"Muitos já sabiam das questões das fábricas da China, mas queríamos mostrar que os problemas vinham desde a base da produção" disse por telefone o boliviano Gabriel Sebastian, gerente de mercado da Fairphone.

"Percebemos que a indústria de eletrônicos estava financiando a guerra no Congo, porque milícias estavam em conflito constante pelo controle das minas."

Após a campanha para mudar a maneira como a indústria lidava com sua matéria-prima, o holandês Bas Van Abel, fundador da Fairphone, quis produzir um celular.

"Para entender a complexidade da cadeia de produção de eletrônicos, precisávamos estar dentro dela. No processo, vimos que há muito mais problemas que os conflitos no Congo", contou Sebastian, que se juntou à start-up durante a transição de ONG para o que chama de "empreendimento social".

Ao fazer parte da indústria, também viram o quão difícil seria cumprir sua proposta. "Se é lançado um celular com mais memória, por exemplo, você não pode fazer upgrade do seu --tem que comprar um novo, porque os componentes vêm soldados. É difícil para uma empresa pequena mudar isso", diz Sebastian.

Os avanços para produzir um smartphone "justo" têm sido relativamente modestos. Conseguiram fornecedores de estanho e tântalo que não têm ligação com a guerra e criaram um fundo para aumentar os salários dos operários que trabalharão em sua fábrica.

Na impossibilidade momentânea de fazer mais, dão informações sobre os problemas que o telefone ainda tem (bit.ly/fjusto).

As vendas do Fairphone estão restritas à Europa, mas devem chegar aos EUA no ano que vem. Por enquanto, não há previsão para o Brasil.


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