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REABILITAÇÃO
Funcionários de Centros de Formação de Condutores de SP dizem que ajudam em aprovação; empresas desmentem
Em reciclagem, infrator tem vida fácil
CHRISTOPHER LANGNER
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Criados com o intuito de reeducar, alguns CFCs (Centros de Formação de Condutores) de São
Paulo transformaram o curso
de reciclagem para motoristas
com carteira suspensa em mera
formalidade na qual a aprovação
é praticamente garantida.
É o que ocorre, por exemplo, no
CFC Ibirapuera. Questionado sobre a dificuldade da prova, o coordenador José Roberto Marques
responde: "O professor dá uma
boiada [facilidade]. Ninguém foi
reprovado". No CFC do Futuro, a
atendente Vanessa informa, por
telefone: "A professora auxilia todo mundo na hora da prova".
"Há uma fragilidade na fiscalização do Detran [Departamento
Estadual de Trânsito], que deveria
acompanhar a prova", afirma
Magnelson Carlos de Souza, presidente do Sindicato das Auto-Escolas e Centros de Formação de
Condutores de São Paulo.
Douglas Brandão Costa, delegado-assistente da Divisão de Habilitação do Detran, discorda e explica que todas as turmas recebem uma visita surpresa de um
fiscal do Detran em pelo menos
um dia de aula. "Alguns CFCs são
fiscalizados no dia da prova."
Costa admite, contudo, que,
como o teste costuma ser dado
após o período do curso, nem
sempre é possível acompanhar
sua aplicação. "Não tem como.
Há várias turmas terminando ao
mesmo tempo", justifica.
O curso de reciclagem é ministrado gratuitamente pelo Detran,
mas a espera por uma vaga pode
chegar a três meses. Por isso os
CFCs também podem oferecê-lo,
desde que se cadastrem e obedeçam às normas da portaria 165, do
Detran. Ela determina, entre outras coisas, a duração em horas do
curso e o direito do aluno de fazer
um segundo teste caso seja reprovado em alguma disciplina.
É na segunda chance que alguns
CFCs demonstram sua generosidade. Eles "ajudam" os clientes
aplicando as mesmas questões
apresentadas na primeira vez.
O Viatran é um exemplo. Questionada sobre o segundo teste, a
recepcionista Adriana Kopezynski explica: "É a mesma prova,
igualzinha [à primeira]".
Em outras instituições, o direito
de outra prova é omitido. É o caso
do CFC Pronatran. Por telefone, a
atendente Andréa Roberta de
Souza informa: "Quando [o aluno] é reprovado, tem de fazer o
curso todo novamente". O diretor
de ensino Francisco Elói de Santana Jr. confirma: "O aluno não tem
direito a outro teste. Se reprovar
na primeira prova, deve pagar a
taxa e refazer o curso".
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