Folha de S.Paulo

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Beckenbauer e Maier seguram taça vencida pela Alemanha

Assim como em 1954, os alemães levaram o título vencendo na final o melhor time da Copa. A Holanda, do técnico Rinus Michels, apresentou ao mundo um novo conceito de futebol, com meias e atacantes em constante rotação (precursor do 3-5-2). Liderado pelo craque Johann Cruyff, considerado por muitos o melhor jogador europeu da história, o "carrossel holandês" atropelou adversários, incluindo o Brasil, até chegar à final. O esquema tático foi comparado ao da Hungria, derrotada pela Alemanha na final de 1954, mas com melhoras. Mesmo após as significativas vitórias sobre Argentina (4 a 0), Brasil (2 a 0) e Alemanha Oriental (2 a 0) na segunda fase do torneio, a "laranja mecânica", como também ficou conhecido o time holandês, devido à cor de seu uniforme e ao filme famoso de Stanley Kubrick, não resistiu aos donos da casa na final. A equipe da Alemanha Ocidental, que contava com jogadores como o goleiro Maier, Overath e Müller, soube virar o jogo, depois de sair perdendo por 1 a 0, e fez 2 a 1. No time campeão do mundo, o meia defensivo Franz Beckenbauer foi o grande líder. Apesar de não ter marcado nenhum gol na Copa, o veterano dos Mundiais de 1966 e 1970 fez um torneio perfeito taticamente. Além de Alemanha e Holanda, o único time que apresentou bom futebol na Copa foi a Polônia, terceira colocada.

Brasil

Sem contar com a maior parte dos jogadores campeões do mundo no México, inclusive Pelé, que apesar de estar em atividade abdicou de disputar seu quinto Mundial, o técnico Zagallo armou montou um time sem tanto brilho para a Copa da Alemanha. A equipe brasileira até tinha bons valores individuais, entre eles Leão, Rivellino, Jairzinho, Dirceu e Luís Pereira, mas havia clima ruim entre atletas e comissão técnica. Na primeira fase, após empates sem gols contra Iugoslávia e Escócia, o Brasil precisava vencer o Zaire por três gols para se classificar. Fez 3 a 0, graças a uma falha gritante do goleiro rival, e passou raspando. Com alterações na equipe titular - Zé Maria na lateral direita em lugar de Nelinho, Carpegiani no lugar de Piazza no meio e Valdomiro e Dirceu em lugar de Leivinha e Mirandinha no ataque - , a seleção conseguiu vencer a Alemanha Oriental (1 a 0) e a Argentina (2 a 1) na segunda fase. Esteve perto de chegar à final. Precisava ganhar da Holanda, que também havia vencido seus dois jogos. Após fazer um bom início de jogo, o time de Zagallo, que havia menosprezado os holandeses, foi envolvido pelo esquema inovador de Rinus Michels e acabou perdendo por 2 a 0. Na decisão do terceiro lugar, perdeu também para a Polônia: 1 a 0. Ademir da Guia, maior jogador da história do Palmeiras, só disputou um jogo.

Curiosidades

• Os jogadores holandeses surpreenderam fãs ao cobrar para dar autógrafos. O caso repercutiu mal na imprensa e os jogadores passaram a evitar a torcida até a final.
• Ocorreu o primeiro caso de doping, com o zagueiro do Haiti Jean-Joseph, na goleada por 7 a 0 para Polônia. Seguranças da delegação do país deram uma brutal surra no jogador.
• Com a Jules Rimet em poder do Brasil, a Fifa promoveu concurso e escolheu trabalho do italiano Silvio Gazzaniga. A nova taça, a Copa do Mundo Fifa, não prevê posse definitiva.
• A Copa-1974 foi a primeira com a Fifa sob o comando do brasileiro João Havelange, eleito em junho daquele ano - ficaria na presidência da entidade até 1998.
• A partir do Mundial de 74, o jogo de abertura passou a contar sempre com o então campeão. O Brasil inaugurou a regra empatando em 0 a 0 com a Escócia.
• A Fifa resolveu inovar e abandonou a fórmula tradicional de semifinais com quatro times. Dessa vez, das quartas-de-final, com dois grupos de quatro, já sairiam os finalistas.
• A conquista da Copa rendeu a cada jogador alemão o prêmio de US$ 50 mil. Detalhe: o prêmio pago pela Holanda aos vice-campeões foi de US$ 100 mil.
• Os alemães ocidentais permitiram vitória da Alemanha Oriental na última rodada da primeira fase com objetivo de fugir de um enfrentamento contra Brasil ou Holanda na segunda fase.