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Em dois anos, São Paulo melhorou
310 posições na lista das 560 cidades com maior
número de assassinatos do País, conforme a segunda
edição do Mapa da Violência dos Municípios
Brasileiros, divulgada ontem pela Rede de Informação
Tecnológica Latino-Americana, em Brasília. No
primeiro mapa, que saiu no ano passado, a capital ocupava
a 182ª posição, com taxa média de
48,2 homicídios para cada 100 mil habitantes. No novo
estudo, caiu para o 492º lugar, com taxa de 31,1 por
100 mil.
Em 2006, último ano usado como
base para o segundo mapa, foram assassinadas em São
Paulo 2.546 pessoas. É como se toda a população
de um pequeno município, como Torre de Pedra (SP),
tivesse sumido em 12 meses. Ainda assim, é quase a
metade das 5.575 mortes de 2002. Um dos motivos para isso
é o Estatuto do Desarmamento. Da sua adoção,
em 2003, até 2006 houve redução de 8,5%
nos assassinatos no Brasil - de 51.043 mortes para 46.660.
“A queda da mortalidade em São
Paulo começou em 1999. Houve melhorias do aparato policial,
mas, principalmente, uma reação da sociedade
civil, com a criação dos Institutos Sou da Paz
e São Paulo Contra a Violência”, disse
o coordenador da equipe que preparou o mapa, Julio Jacobo
Waiselfisz. Ele usou nos rankings a média de mortes
ocorridas ao longo de três anos: o primeiro mapa utilizou
o período de 2002 a 2004 e, o segundo, os dados de
2004 a 2006.
Mas as quedas nos índices de
homicídio não parecem passar uma sensação
maior de segurança para a população.
O coordenador de Análise e Planejamento da Secretaria
de Segurança, Túlio Kahn, acha que isso decorre
das características dos assassinatos em São
Paulo. “Os homicídios estão concentrados
nas periferias. Nesses locais, as pessoas percebem a queda.”
Kahn afirmou que a classe média
e moradores das regiões centrais são mais sensíveis
a crimes contra patrimônio. Num balanço a ser
divulgado amanhã, a secretaria vai apontar queda de
50% nos roubos de carro em 2007, mas outros tipos de roubo
cresceram em relação a 2006. “Fora a questão
dos roubos, quando há grandes ocorrências, como
os ataques do PCC ou a morte do comandante da PM na zona norte,
tudo vai por água abaixo”, disse, referindo-se
ao impacto na opinião pública da onda de atentados
do crime organizado em 2006 e da execução do
coronel José Hermínio Rodrigues, no dia 16.
Compreender as causas da redução
dos homicídios, no entanto, continua sendo um desafio.
A secretaria afirmou que o número de prisões
triplicou e houve melhoria na gestão das polícias
e diminuição das armas em circulação,
reflexo do estatuto.
A antropóloga Paula Miraglia,
diretora-executiva do Instituto Latino Americano das Nações
Unidas (Ilanud), disse que já ouviu diversas análises
para a queda nos assassinatos. “Desde o aumento da eficiência
do Departamento de Homicídios, passando pela redução
da circulação de armas, aumento das prisões,
conversões religiosas, hip-hop etc. Todas ajudam a
compreender um fenômeno extremamente complexo.”
Os dados do Mapa da Violência
são tirados de uma base do Ministério da Saúde,
coletada desde 1979, que inclui causa da morte, local, sexo
e idade das vítimas. O governo do Estado usa outro
critério.
O Estado de S. Paulo
Lisandra Paraguassú e Bruno Paes Manso
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