Orgulho Gay
A coisa começou com uma revolta no Stonewall Inn, um bar
gay na Christopher Street, em Nova York, no dia 27 de junho de 1969.
O espírito daquela revolta se tornou, primeiro, o dia da
marcha da libertação gay de Christopher Street, e,
enfim, hoje, um evento compartilhado por dezenas de milhões,
a cada ano, pelo mundo afora.
Os símbolos mais populares do orgulho gay são a bandeira
arco-íris e a letra grega Lambda, que eventualmente se converteu
na letra “L” do alfabeto romano. Não há
definição sobre sua significação, mas
todos concordam no que concerne à sua função.
O lambda (ou “L”) se tornou uma maneira de os membros
da comunidade gay se reconhecerem mutuamente. Os intolerantes podiam
facilmente pensar que a letra fosse o símbolo de uma confraria
universitária, por exemplo.
Nos anos 1980, o movimento gay passou por uma transformação
decisiva e adotou, progressivamente, uma imagem menos radical. Aos
poucos, as paradas tiraram de seu nome as palavras “libertação”
e “liberdade”. Sobrou a idéia do “orgulho
gay”. A provocação e mesmo a extravagância
se amenizaram, ampliando o público possível.
A parada do orgulho gay deste ano, em São Paulo, provou que
alguns estereótipos que ainda prosperam, claro, são
enganosos. Salvo pelas brincadeiras um pouco ousadas de poucos casais
e pelo uso da rua como mictório (nada mais do que em qualquer
carnaval, aliás), o evento foi totalmente bem comportado,
aceitável para todos os públicos. Me prometeram que
assistiria a não sei qual decadência, que veria as
cenas mais chocantes, sem contar assaltos e roubos. A realidade
foi outra. Pois é, o preconceito e os estereótipos
dos que me disseram para tomar cuidado, eles sim, continuam fortes.
A popularidade crescente transformou a Parada num evento cultural
para ser compartilhado por todos e não só por excluídos.
Gays ou heterossexuais, esse é o dia em que todos podem celebrar
o direito de seguir sua tendência sexual, o direito de ser
quem eles são.
O público foi heterogêneo, respondendo à razão
de ser do evento: combater a ignorância para fugir da intolerância.
Desse ponto de vista, a parada, na verdade brilhou como nunca.
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