Nota
da 8ª série na Prova Brasil foi menor em 8 escolões
Os CEUs (centros educacionais unificados) foram concebidos
pela Prefeitura de São Paulo como modelo que elevaria
a qualidade da educação pública da cidade,
mas na última edição da Prova Brasil
(exame do Ministério da Educação que
avalia os alunos em matemática e português),
em 2007, parte deles ficou abaixo da média da rede
municipal em geral.
No caso dos alunos da oitava série, de 14 CEUs avaliados,
nove tiveram nota menor que a média da rede municipal.
Na quarta série, seis tiveram desempenho inferior.
Uma das razões, segundo especialistas, é o fato
de os CEUs estarem em áreas carentes. Por causa do
nível social, dizem, esses alunos tendem a ter um desempenho
mais baixo.
Isso, porém, não explica todos os resultados.
Houve casos em que, na mesma região, escolas comuns
tiveram notas mais altas que os CEUs vizinhos.
As notas de alguns CEUs diminuíram na comparação
das edições 2005 e 2007 da Prova Brasil. Na
oitava série, caiu a nota de sete dos 14 CEUs. Na quarta,
a nota de todos subiu.
A Secretaria Municipal da Educação foi procurada
pela Folha, mas não quis se pronunciar pelo fato de
o Ministério da Educação ter divulgado
no mês passado dados errados sobre as aprovações
dos alunos da rede.
Os CEUs são escolas que oferecem a crianças
da creche até a oitava série uma grande infra-estrutura
esportiva (piscinas, quadras e pista de skate) e artística
(teatro, cinema, estúdio musical e sala de dança).
"O pai pensa que o filho está numa escola melhor,
mas o que a gente vê é que o CEU funciona como
outra escola qualquer", diz a socióloga Maria
Alice Setúbal, do Centro de Estudos e Pesquisas em
Educação, Cultura e Ação Comunitária.
Ocimar Munhoz Alavarse, professor da Faculdade de Educação
da USP, concorda: "Sou favorável às atividades.
Enriquecem a vida das pessoas. Mas de nada adianta os alunos
terem equitação, esgrima e tai chi chuan se
o processo pedagógico em si não muda".
Os CEUs têm frustrado as expectativas porque as atividades
extras não estão diretamente ligadas às
salas de aula, na avaliação da educadora Maria
Aparecida Perez, que foi secretária da Educação
na gestão Marta Suplicy (PT). "Antes, as peças
de teatro complementavam algum aspecto do currículo.
Hoje, as atividades não são definidas em conjunto
com a escola."
Para o deputado José Pinotti (DEM-SP), secretário
municipal da Educação na gestão José
Serra (PSDB), a solução seria manter os alunos
no CEU mesmo fora do horário de aula. Hoje, eles não
são obrigados a ficar lá para as atividades
extras.
Os CEUs foram criados na gestão Marta Suplicy. O atual
prefeito, Gilberto Kassab (DEM), manteve o modelo. Como os
dois tentarão ser eleitos em outubro, os CEUs estarão,
nos próximos meses, no centro da campanha municipal.
"Apesar das notas, não é um fracasso",
diz Maria Alice Setúbal. "A comunidade freqüenta
as atividades, a piscina, o teatro. Quando dá um equipamento
de primeira qualidade, você trata a periferia com respeito."
Ricardo Westin
Folha de S.Paulo
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