Escola
mais bem avaliada, colégio Papa Paulo 6º coloca
livros à disposição dos estudantes em
estantes pelos corredores.
Outros aspectos comuns às duas melhores são
o baixo absenteísmo de professores e a longa permanência
dos educadores com os alunos.
Duas das escolas mais bem avaliadas em ensino médio,
uma no ABC paulista, outra na capital, revelam os métodos
que lhes garantiram o bom resultado: incentivo à leitura,
baixo absenteísmo de professores, muitos com mestrado,
acesso fácil a livros e educadores com longa permanência
com os mesmos alunos.
Em Santo André (no Grande ABC), o colégio Papa
Paulo 6º, que teve o melhor desempenho no ensino médio
do Estado, é pequeno. Possui apenas dez salas de aula,
que abrigam, pela manhã e à tarde, 770 alunos
-300 deles no ensino médio, com aulas só pela
manhã. São seis horas de aula por dia. Obteve
a melhor nota no terceiro ano tanto em português quanto
em matemática no Saresp, o exame do governo de São
Paulo, no ano passado.
Para a diretora Mirtes de Fátima Machado, o resultado
se deve ao empenho dos professores. "A maioria está
aqui há quatro anos. Eles criam um compromisso com
os alunos e os acompanham de perto", diz.
No Jardim São Paulo (zona norte da capital), a escola
estadual Professor Antônio Lisboa não é
diferente. Fez uma parceria com uma revista noticiosa de circulação
semanal para leitura e interpretação de textos
e discussão de temas atuais com os alunos, que melhorou
sensivelmente, dizem os professores, as notas em redação.
"A melhor maneira de aprender a escrever é lendo",
diz a professora de português Maria Isabel Bento de
Oliveira, que faz uma preparação na USP para
mestrado em literatura brasileira na mesma universidade.
São cinco horas de aula de língua portuguesa,
mais uma de redação, por semana, para os 750
alunos, que têm três professores nos três
turnos.
"Trabalhamos bastante com interpretação,
vídeos relacionados ao conteúdo e produção
de textos", afirma a professora de português Márcia
Maria Germano Tarrasco, que leva ainda aos alunos livros clássicos
da literatura brasileira e incentiva a discussão de
temas da atualidade por meio da leitura de jornais diários.
Estantes no corredor
Em Santo André, estantes são espalhadas
pelos corredores da escola Papa Paulo 6º, com dezenas
de livros cada. Os alunos podem pegá-los no intervalo
e levá-los para casa.
Para despertar o interesse dos alunos em matemática,
a professora Regina Célia Correa diz que busca trazer
o conteúdo da disciplina para o cotidiano dos alunos.
"Ensino equação de primeiro grau usando
como variáveis o valor da corrida do táxi."
Isso, segundo a aluna Tatiani de Oliveira Balbino, 16, tem
dado resultado. "As aulas são mais dinâmicas."
Na escola Antônio Lisboa, a recuperação
é bimestral, e não ao fim do ano letivo. "É
evidente que dá mais resultado. Errou aqui, corrige
aqui", diz Oliveira.
Nas duas escolas, a incidência de falta dos professores
é baixa. "O resultado é claro no desempenho
dos alunos", diz a diretora da Antônio Lisboa,
Maria das Graças Meinberg.
Folha de S.Paulo.
|