Estado
diz que lei de mudança climática será enviada à Assembléia;
proposta é reduzir pelo menos 20%
O secretário estadual do Meio Ambiente, Xico Graziano,
afirmou ontem que o governo terá uma meta de reduzir
pelo menos em 20% a emissão de gases de efeito estufa
para o Estado de São Paulo e que, em breve, enviará
a lei estadual de mudança climática para apreciação
da Assembléia Legislativa do Estado.
O secretário esteve ontem no lançamento do Programa
de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais,
na Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo).
Em entrevista à Folha, ele disse que a lei dará
um prazo de três anos para que se faça um inventário
das emissões. A partir disso, será estabelecida
a meta, que "não poderá ser menor do que
20%" (em relação ao ano de 1990) até
2020.
Fabio Feldmann, secretário executivo do Fórum
Paulista de Mudanças Climáticas Globais e de
Biodiversidade que participa da elaboração da
nova lei, disse que fixar uma meta é "sinalizar
que São Paulo terá de se engajar nisso, que
a economia paulista terá de se descarbonizar ou se
manter descarbonizada".
Neste mês, o governo municipal de São Paulo enviou
para a Câmara a Política Municipal de Mudança
do Clima. A meta da Prefeitura é de reduzir a emissão
de gases de efeito estufa da capital em 30% até 2012.
O governo federal, até agora, tem evitado nos fóruns
internacionais de mudanças climáticas assumir
metas nacionais de redução de emissões
de gases de efeito estufa.
Graziano disse que impor uma meta é "fazer o que
tem de ser feito". "A posição nacional
acaba ainda enxergando o desenvolvimento como algo que pode
ser sujo. Aqui em São Paulo não, queremos desenvolvimento
limpo", disse.
O botânico Carlos Joly, da Unicamp (Universidade Estadual
de Campinas), também criticou ontem o governo federal.
"A posição brasileira é pior do
que a dos Estados Unidos [que não aceitaram o Protocolo
de Kyoto]", disse o cientista, um dos poucos a assumirem
posição política sobre o tema.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou que o Plano
Nacional de Mudança Climática será lançado
no dia 22 de setembro.
2,9 milhões de adolescentes vão às urnas
em outubro; há 4 anos, eram 3,6 milhões
Participação de jovens, que não são
obrigados a votar, é proporcionalmente menor no Sudeste;
queda ocorre apesar de campanha do TSE
O número de jovens com 16 e 17 anos que tiraram títulos
de eleitor caiu 20% entre as eleições de 2004
e a deste ano. Para quem tem essa idade, o voto não
é obrigatório. No pleito de outubro, irão
às urnas 2,9 milhões de eleitores com 16 ou
17 anos. Em 2004, eram 3,6 milhões de adolescentes.
O número atual é inferior ao das eleições
de 1992, a terceira após a entrada em vigor da permissão
de voto a menores de idade e a primeira da qual a Justiça
Eleitoral mantém os dados relativos aos eleitores adolescentes.
Naquele ano, quando a população do país
era menor, havia 3,2 milhões de eleitores nessa faixa.
O desinteresse é maior nos Estados do Sudeste -no
Nordeste a participação proporcional dos adolescentes
dobra. A queda ocorre apesar de campanhas do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) e de organizações estudantis
de estímulo ao registro dos eleitores.
A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas diz
que o jovem não se vê representado pelos candidatos.
"O sistema político não fala a linguagem
da juventude. É algo que parece muito formal, muito
quadrado", diz o presidente da entidade, Ismael Cardoso,
21. Ele, porém, afirma que a juventude "quer participar"
da política.
Neste ano, União dos Estudantes organizou uma campanha
chamada "Se liga, 16" para incentivar o registro
de jovens eleitores. Em Minas Gerais, a entidade levou cartórios
itinerantes a escolas para que estudantes fizessem o título.
Partidos políticos também fizeram campanhas
pela participação dos jovens pelo país.
O total de eleitores de 16 e 17 anos representa uma recuperação
em relação às eleições
de 2006, quando 2,5 milhões votaram, mas é uma
queda em comparação com o último pleito
municipal, há quatro anos.
No Maranhão, os adolescentes somam neste ano 4,3%
do eleitorado, enquanto nos Estados do Sudeste são
1,5%. A cidade de São Paulo tem menos da metade do
número de jovens eleitores de Pernambuco, que tem menos
habitantes.
A cientista política da UnB (Universidade de Brasília)
Lúcia Avelar, que pesquisa participação
política, diz que o dado é conseqüência
de um descrédito dos adolescentes com a questão
ética. "[Para os jovens,] a orientação
é menos ideológica e mais substituída
por valores éticos." Ela diz, porém, que
vem crescendo a participação da população
em associações e grupos com objetivos políticos.
Para Avelar, a reduzida participação de um
segmento onde o voto é facultativo projeta que o comparecimento
dos eleitores seria muito menor se eles não fossem
obrigados a votar.
Afra Balazina
Eduardo Geraque
Folha de S.Paulo
|