|
Zona Leste tem a 'rua dos pipas'
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quem mora em São Paulo
chama a pipa, palavra feminina, de o pipa. Na rua Licânia (zona leste da capital),
crianças e adultos brincam
e competem juntos.
Lucas Oliveira, 13, acorda
cedo para brincar. "Fico
olhando. Quando tem pipas,
coloco o meu no ar. Frio, calor, não tem hora", conta.
O melhor, diz, "é cortar".
Ele desce a própria pipa para pegar a do oponente por
baixo. "Agora estou indo
embora do [Marcelo Damasceno] Júnior", diz, evitando derrubar a do amigo.
Levi, 12, irmão de Guilherme, também gosta de
cortar. "Agora estou dando
linha para subir mais", explica. E quando a pipa pega
no poste? "Estoura a linha."
O maior "pipeiro" da rua é
Felipe Barbosa, 14. Com
movimentos rápidos, seus
braços se agitam em ziguezague para embicar, desbicar, cortar, totear ou dar relo. "A minha é de 50 [centavos]. Não uso cortante, pode
matar motoqueiro", conta.
Considerado o rei das pipas na rua Licânia, Marcelo
Damasceno, 37, explica que
cada pessoa tem uma técnica de brincar e de cortar e
que há quem fique um ano
inteiro com uma única pipa.
Ele usava outro cortante
quando criança, pó de ferro.
"Quando o pipa é taiado
[cortado], ele vai com a linha, então aquilo enroscava
no fio, e a pessoa que pegava
recebia a descarga elétrica."
Embora o cerol tenha tradição, ele é proibido. Mas dá
para brincar sem ele: "A pipa corta de acordo com a velocidade, e a dica é entrar
contra o vento".
(MRC)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|