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Crítica comédia Longa polonês faz mergulho tímido nos dilemas de crescer sob a Cortina de Ferro RODRIGO LEVINOEDITOR-ASSISTENTE DA “ILUSTRADA” São fartas a literatura e a filmografia que tratam da vida dura nos países sob influência da antiga União Soviética. "A Vida dos Outros", vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2006, e "Stasilândia", relato brutal da jornalista Anna Funder sobre a máquina de espionagem da então Alemanha Oriental, são dois bons exemplos de produções recentes. Eficazes, sobretudo, ao dimensionar as vidas sob a vigilância e o arbítrio. "Tudo Que Eu Amo", de Jacek Borcuch, aborda uma faceta interessante dessa vida: como era ser jovem nesses países. No caso, a Polônia. Em 1981, quando o regime dava sinais de que sobreviveria pouco, ferido de morte pela mobilização do Sindicato Solidariedade, do líder Lech Walesa, a juventude, apartada do resto do mundo pela Cortina de Ferro, intuía que bastaria um empurrãozinho para que tudo ruísse. Janek, o protagonista, é um desses jovens. E tão somente jovem, em seu esplendor e nas suas incertezas. O modo que ele encontra de se contrapor ao regime é berrando em sua banda punk, formada por amigos de escola -um microcosmo político. Em torno dele, giram as primeiras descobertas. O sexo com a enigmática vizinha, casada com um militar; o amor com Basia, sua colega, cujo pai, por fazer parte do Solidariedade, está preso. E o dilema de, em meio a todas as transformações, ser filho de um partidário desencantado do regime. O recorte é um mérito da direção, que falha em quase tudo mais. Sobretudo por não se aprofundar a contento nos questionamentos políticos do jovem, na sua relação com seus pais. Mesmo nas descobertas típicas da idade, tudo é deixado pelo meio do caminho, numa pressa que só prejudica a narrativa e tira a força do que poderia ser um relato e tanto. Exemplos não faltam.
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