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ERUDITO
Integral das sinfonias do compositor é apresentada, no Teatro Municipal, com regência de Ira Levin e Paul Freeman
OSM mergulha nas "sutilezas" de Brahms
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Orquestra Sinfônica Municipal inicia hoje um empreendimento corajoso, com o ciclo integral das sinfonias, aberturas, peças sinfônicas e concertos para solistas do compositor alemão Johannes Brahms (1833-1897).
Brahms é personagem singular
da maturidade do romantismo
alemão. Sua música é profunda,
bem-escrita e de um melodismo
de extrema beleza.
O ciclo terá a regência de Ira Levin e do norte-americano Paul
Freeman. Hoje, às 17h, teremos a
"Sinfonia nš 1" e o "Concerto Duplo", para violino e violoncelo,
com Pablo de Leon e Wilson Sampaio. Amanhã, às 21h, será a vez
da "Sinfonia nš 4" -superlativa
obra-prima do romantismo- e
do "Concerto para Violino e Orquestra", que terá como solista
Cláudio Cruz, spalla da Osesp.
Eis a entrevista com Ira Levin.
Folha - Como surgiu o projeto do
ciclo Brahms?
Ira Levin - Desde que assumi a
direção musical do teatro, amadureci a idéia de fazer ciclos de
compositores. Já estamos fazendo, de maneira dispersa, as integrais das sinfonias de Mahler e de
Beethoven.
Folha - Qual o critério para a escolha dos solistas?
Levin - A idéia era trazer solistas
brasileiros. Para este domingo teremos Pablo de Leon (violino) e
Wilson Sampaio (violoncelo). Na
segunda-feira será a vez de Cláudio Cruz (violino). Os pianistas
serão Caio Pagano e eu próprio.
Folha - Serão então as quatro sinfonias, os dois concertos para piano, o "Concerto para Violino" e o
"Concerto Duplo"?
Levin - E mais ainda as duas
aberturas. Ficam faltando as "Variações sobre um Tema de
Haydn", que faremos em julho.
As duas serenatas serão feitas no
ano que vem.
Folha - Como é lidar com Brahms?
Levin - Estamos ensaiando como "dementes". Brahms é um
compositor dificílimo, mesmo fisicamente. Pede muito do ponto
de vista técnico e intelectual. Os
músicos de um modo geral acreditam que "conhecem" Brahms.
Mas não é o caso.
Folha - Por quê?
Levin - Brahms foi muito detalhista na forma de escrever. Ele
determinou certas dinâmicas que
nem sempre são obedecidas. Se
ele indica um "crescendo" ao longo de oito compassos, por exemplo, muitos interpretam os compassos anteriores e posteriores
como "forte". É preciso mergulhar nessas sutilezas.
Folha - A OSM estava capacitada
há dois anos a fazer esse ciclo?
Levin - A resposta seria: não, em
absoluto. Mas a orquestra tem feito progressos sensíveis. Melhorou
bastante de nível.
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