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26ª MOSTRA DE CINEMA
"Queimando ao Vento", de Soldini, e "Pigmeus de Carlo", de Mihaileanu, se destacam na "repescagem"
Jurados exibem suas novas produções
DA REDAÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nem só de votos vive o júri. Presentes na cidade para escolher os
vencedores da 26ª Mostra, o italiano Silvio Soldini e o franco-romeno Radu Mihaileanu, ambos
com 44 anos, aproveitaram a ocasião para apresentar seus novos
longas. Ambos têm exibições hoje
na "repescagem" do festival.
Mihaileanu, que foi premiado
na edição de 2000 com "Trem da
Vida", fez a première mundial de
seu recém-finalizado "Os Pigmeus de Carlo". A comédia parte
de uma história real. Mihaileanu,
que nos anos 80 foi assistente de
direção do italiano Marco Ferreri,
recebe um telefonema à noite para viajar no dia seguinte à África
Central e levar a Roma uma tribo
de pigmeus para protagonizar a
próxima produção de Ferreri.
As situações são verídicas, segundo o diretor, mesmo quando
não parecem. "Cerca de 80% do
filme aconteceu mesmo comigo,
porque eu não podia decepcionar
o meu grande mestre, embora a
missão não tenha sido bem-sucedida", diz. "Cheguei à África com
a mente européia, achando que
estava fazendo um favor para
aquela gente, mostrando a civilização. Estava errado e só percebi
isso aos poucos. Mas no final Ferreri fez "La Casa del Sorriso" [88".
Só que sem os pigmeus", finaliza.
Conhecido no Brasil pelo sucesso de "Pão e Tulipas" (2000), Soldini diz que o projeto de "Queimando ao Vento" era anterior.
"Li o romance "Ontem" [da húngara radicada na Suíça Agota
Kristof" em 97. Em fevereiro de 98
comecei a escrever o filme com
Doriana Leondeff, com quem
sempre trabalho", diz Soldini.
"Queimando ao Vento" conta a
história de Tobias (Ivan Franek),
que tenta escapar da miséria e da
mancha de haver matado o pai indo para a Suíça. Lá reencontra a
mulher de sua vida, casada.
"Decidi fazer um filme sobre esse livro porque a leitura me comoveu tanto que eu tinha certeza de
que conseguiria realizar algo
bom. O tema era importante para
mim, e o personagem principal,
um homem sensível e intenso.
Gostei disso porque, em geral, os
personagens que acho interessantes são femininos", diz o cineasta.
O parêntese entre o roteiro, em
98, e as filmagens, em 2001, ocorreu porque o diretor quis fazer
antes "uma comédia, leve e com
um olhar um pouco irônico para
o mundo, que foi "Pão e Tulipas'".
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