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Recorte do acervo no Masp amplia o romântico
Mostra tem obras de Van Gogh e até de León Ferrari
DA REPORTAGEM LOCAL
Um homem e uma mulher
estão no limite da composição.
Em "Passeio ao Crepúsculo",
de Van Gogh, um mundo febril,
transfigurado pela loucura, fica
para trás, enquanto os personagens transitam pelas bordas,
entre realidade e devaneio.
Da mesma forma, o casal que
John Constable retratou em "A
Catedral de Salisbury vista do
Jardim do Bispo" fica entre a
natureza selvagem, à moda do
paisagismo britânico, e a igreja
de traços góticos erguida pelo
homem -a fronteira aqui fica
entre o sublime e o racional.
Juntas na exposição que o
Masp abre hoje, são telas que
servem de síntese a um novo
recorte do acervo do museu,
que estica a noção de romantismo. Se é consenso que Turner e
Constable são nomes fortes
dessa escola, impressionistas
como Monet e Renoir, realistas
como Courbet, e até contemporâneos, como León Ferrari, entram no balaio do romantismo
expandido dos curadores.
São artistas, como os personagens das obras, que habitam
uma fronteira entre um movimento e outro, o espírito de
uma época contra a mudança
que leva a outros rumos.
Nessa levada, Chaim Soutine
e Paul Cézanne estão lado a lado, o primeiro com "A Grande
Árvore" e o segundo com "O
Grande Pinheiro", duas concepções da natureza que vão do
momento fugaz à síntese absoluta das formas do mundo -em
Cézanne, arquetípicas.
Noutro ponto de inflexão,
Courbet é contraposto a Van
Gogh. "Retrato de Zélie Courbet" traz uma jovem de delicadeza ferina, a face apoiada na
mão, que serve de âncora à
composição. A luz dura é um
grito de crueza. Ao lado, "A Arlesiana", do holandês, é seu
oposto: lirismo cromático e a
placidez dos gestos.
(SILAS MARTÍ)
ROMANTISMO
Quando: abertura hoje, às 19h30; de
ter. a dom., das 11h às 18h; até 8/5
Onde: Masp (av. Paulista, 1.578, tel.
3251-5644)
Quanto: R$ 15
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