DA REPORTAGEM LOCAL

Imaginado como um festival que coloque em contato pioneiros do movimento e a nova geração hip hop, o Red Bull Hip Hop Rua deixou de lado "medalhões" como os Racionais MC's e o ex-morador da "Casa dos Artistas" Xis.
"Não temos medalhões porque queremos dar chance a pessoas que não têm ainda grande visibilidade", justifica o coordenador da Prefeitura, Alexandre Youssef, esguiando-se de comentar a relação conflituosa de artistas como Mano Brown (dos Racionais) com marcas e instituições que simbolizem o status quo.
Reunidos pela Folha no largo São Bento na quinta, alguns dos artistas citam tensões existentes entre os conceitos integrados de hip hop que o evento tentará reagrupar e os grupos personalistas de rap mais presentes na cena.
Diz o DJ Zé Gonzales, 33, parceiro habitual do Planet Hemp: "Para mim, o principal ponto do festival é o de colocar os elementos juntos de novo. Está tudo muito separado, fragmentado. Os grupos de rap são fechados, fazem letras gigantescas e músicas lentas que só servem para eles cantarem, nunca para DJs tocarem nos bailes. É preciso mostrar que o rap não tem que ser monótono".
"O hip hop não tem mais espaço, é só o rap mesmo. Nunca temos patrocínios porque dentro do próprio rap há caras que marginalizam as periferias, que não gostam do discurso. Aqui a gente está conseguindo se unir de novo, e ainda por cima com patrocínio", comemora seu parceiro Nuts, 24.
Juntos, Gonzales e Nuts pretendem privilegiar, no dia 26, a "old school" do rap. "A idéia é colocar trechos de no máximo um minuto de raps dos anos 80 e 90. No final, terão sido umas cem músicas", planeja Gonzales.
No balanço, a surpresa da nova tentativa de aglomeração do hip hop é expressa pela exclamação bem humorada do pioneiro Rooney: "Temos que dar graças a Deus de estar debaixo do mosteiro de São Bento, juntos, depois de 20 anos. É um milagre". "Um milagre de São Bento", atalha Nuts, brincalhão. (PAS)



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