São Paulo, domingo, 05 de setembro de 2004

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DANÇA

Companhia paulistana apresenta duas coreografias acompanhadas pela música da Orquestra Sinfônica Municipal

Balé da Cidade revê duas versões de Bach

KATIA CALSAVARA
DA REDAÇÃO

Assim como os bailarinos não têm o mesmo desempenho em suas apresentações, para os músicos a premissa é verdadeira. É sempre um desafio acompanhar as encenações coreográficas e fazer com que os músicos também toquem conforme a dança.
De hoje até sábado, no Teatro Municipal, o Balé da Cidade de São Paulo mostra duas versões dançantes para a música de Johann Sebastian Bach (1685-1750): "Axioma 7" e "Magnificat". O corpo de baile terá acompanhamento da Orquestra Sinfônica Municipal e do Coral Paulistano.
"Também é responsabilidade do regente tornar a execução da performance de dança mais segura. Quando trocam os elencos, por exemplo, o músico também precisa observá-los porque eles nunca dançam igual", diz o regente Henrique Lian, 37.
"Axioma 7" (1996), do israelense Ohad Naharin, que abre o programa, é das obras mais interpretadas pela companhia e merece ser revista. Um jogo intrigante de corpos e cadeiras começa em semicírculo e evolui em "canon" -quando um bailarino inicia um movimento que reverbera em seqüência por todos os outros.
Pouco a pouco, as roupas se espalham pelo palco. Os corpos ficam cobertos apenas por pouca roupa, como por aqueles pijaminhas antigos.
Ohad Naharin, o coreógrafo, costuma dizer que a palavra axioma sempre o fascinou. Na obra, é possível notar a construção quase matemática dos movimentos que ele utiliza em cena.
"Magnificat" (1986), do argentino Luis Arrieta, marca a linguagem de um período em que a companhia teve um coreógrafo residente, o próprio Arrieta.
Tecnicamente difícil de ser executado, o balé traz o tema do júbilo de Maria, que agradece por sua honrosa gestação.
"Trata-se de uma coreografia que remontamos para comemorar o aniversário de 450 anos de São Paulo. Com toda a sua pompa e circunstância, "Magnificat" precisava ser apresentada e dançada pelo novo elenco", comenta Mônica Mion, diretora artística da companhia.
Em dado momento da dança, o coral surge no palco protegido por uma tela. Nesse momento, o canto vivo dá ainda mais graça à movimentação geometrizada de Arrieta.
Com linhas horizontais nos macacões, em tons variados de amarelo e azul, o figurino exibe quase uma dança à parte.


BALÉ DA CIDADE DE SÃO PAULO.
Apresentação dos três corpos estáveis do Teatro Municipal de São Paulo (pça. Ramos de Azevedo, s/nš, tel. 223-3022). Quando: hoje e terça, às 17h; de quarta a sábado, às 21h; no dia 9, o espetáculo ocorre sem a orquestra. Na terça, a apresentação é gratuita (retirar ingresso na bilheteria um dia antes). Quanto: de R$ 10 a R$ 15.



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