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Pinacoteca reúne obras do art déco brasileiro
Mostra tem mesas, cadeiras, tapetes, painéis e desenhos dos anos 20 e 30
De terça a domingo, estão expostas 38 peças raras da coleção de Fulvia e Adolpho Leirner, adquiridas pelo casal nas décadas de 70 e 80
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos anos 20 e 30, o art déco,
do francês "arts décoratifs",
ocupou em peso salas e quartos
da elite. Depois, desapareceu. O
mobiliário de teor futurista,
painéis de veludo e tapeçarias
de estampa geométrica foram
objeto de desejo da burguesia e
hoje não passam de relíquia.
Agora, 38 peças da coleção de
Fulvia e Adolpho Leirner estão
na Pinacoteca do Estado, um
apanhado significativo do que
foi o art déco no Brasil. Movimento surgido depois da onda
de formas orgânicas do art nouveau na Europa, o déco se apropriou do embalo futurista e deu
ao design de mobiliário e projetos gráficos -cartazes e revistas- um verniz cubista.
"Mulher com Galgo", painel
de veludo de Regina Graz, logo
na entrada do espaço, consegue
resumir bem a idéia. As formas
sincopadas e geométricas lembram os experimentos de Giacomo Balla no futurismo italiano e a proposta de aliar arte e
funcionalidade propalada pela
escola Bauhaus, na Alemanha.
Regina Graz, aliás, era uma
Gomide, família de Antônio
Gomide, nome central do déco
brasileiro, e herdou o sobrenome de ar estrangeiro do marido
John Graz, nome central do déco suíço, quando para lá se mudou. O casal se transferiu para o
Brasil e, por aqui, ditou as regras e tendências do estilo.
Uma sala inteira com móveis de
John Graz, dos anos 30, foi
montada na Pinacoteca. Suas
cadeiras misturam ferro e madeira, marca da época.
Além do mobiliário, o design
gráfico do período ilustra essa
tendência modernizante. Numa charge de Belmonte, um
homem e uma mulher aparecem num carro em frente à casa
modernista de Gregori Warchavchik, na Vila Mariana.
Um estudo de J. Carlos para a
capa da revista "Fon Fon" mostra uma São Paulo de arranha-céus e desfiles elegantes pelas
calçadas da metrópole. A capa
da "Para Todos", encomendada
ao mesmo chargista, traz uma
loira de traços esvoaçantes, como se queria pensar a época.
O ARTDECO BRASILEIRO
Quando: de ter. a dom., das 10h às
18h; até 5/10
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da
Luz, 2, tel. 3324-1000; livre)
Quanto: R$ 4; grátis aos sábados
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