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ERUDITO
Com Antonio Meneses, OSM toca peças de Camargo Guarnieri, Villa-Lobos e o "Concerto para Violoncelo", de Dvorák
Municipal, 93, ganha delicadeza sinfônica
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Teatro Municipal traz hoje,
amanhã e terça um programa de
delicadeza privilegiada: peças sinfônicas de Camargo Guarnieri
(1907-1993) e Heitor Villa-Lobos
(1887-1959), e ainda o "Concerto
para Violoncelo", op. 104, de Antonin Dvorák (1841-1904), em que
o solista será Antonio Meneses.
As três récitas comemoram os
93 anos do teatro. A Orquestra
Sinfônica Municipal terá a regência de seu titular, Ira Levin.
Comecemos por Dvorák, lembrado neste ano pelo centenário
de sua morte. Seu "Concerto" está, ao lado de peça parecida de Joseph Haydn, entre as mais apreciadas e interpretadas do repertório para violoncelo e orquestra.
Meneses, 47, o interpretou pela
última vez em São Paulo, em novembro de 2000, como solista da
Filarmônica da Renânia, que se
apresentou na temporada do Cultura Artística com regência de
Theodor Guschlbauer. Foi uma
noitada memorável.
Já se tornou lugar comum relembrar que o pernambucano
Meneses é um dos poucos e grandes instrumentistas brasileiros de
reputação mundial. Integrante
desde 1998 do Trio Beaux Arts, ele
mora na Suíça e tem feito freqüentes apresentações no Brasil.
Seu instrumento é um Matteo
Goffriller, de 1700.
De Camargo Guarnieri a Orquestra Sinfônica Municipal interpretará uma pequena jóia sinfônica, a "Abertura Concertante",
escrita em 1942, em cores muito
vivas e com melodia inspirada. É
uma obra que permanecia relativamente esquecida e que, ao lado
das sinfonias do compositor, foi
recentemente gravada pela Osesp
(Sinfônica do Estado) para o selo
sueco Bis.
De Villa-Lobos, uma das nove
bachianas, a de número dois, bem
mais conhecida pela tocata que
compõe o quarto movimento, "O
Trenzinho Caipira".
Problema de edição
O maestro Ira Levin diz ter encontrado dificuldades com as edições disponíveis das "Bachianas
nš 2". As cópias que lhe forneceram estavam cheias de erros e
apresentavam até lapsos de compassos inteiros.
Villa-Lobos foi um compositor
notoriamente descuidado com os
originais de suas composições.
Há, obviamente, os editores que
detêm seus direitos autorais. Mas
nem sempre eles têm edições de
confiabilidade incontestada.
"Os músicos da orquestra sabiam que, por se tratar de um repertório a que eu tive acesso recentemente, minha audição seria
mais atenta na correção dos erros
que tínhamos diante de nossos
olhos", diz Levin, americano de
nascimento e cuja carreira musical se deu na Alemanha.
Disse conceber a regência de Villa-Lobos com uma mistura de
dois critérios: as indicações do
próprio compositor, em gravações disponíveis, e a subjetividade
que, como maestro, ele mobiliza
para reger sinfonistas como Mozart ou Nielsen.
Com relação a Camargo Guarnieri, comparou a "Abertura
Concertante" a uma essência colocada numa cápsula musical,
com toda a riqueza da qual o
compositor é capaz.
ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL.
Concerto com Ira Levin (regente) e
Antonio Meneses (violoncelo). Onde:
Teatro Municipal (pça. Ramos de
Azevedo, s/nš, região central, tel. 222-8698). Quando: hoje, às 17h, e amanhã e
terça, às 21h. Quanto: de R$ 20 a R$ 50.
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