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É TUDO VERDADE
"Brook por Brook - Um Retrato Íntimo" é exibido hoje, último dia do festival, às 15h, no Cinesesc
Obra simboliza a transmissão de um legado
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
Peter Brook, o encenador,
pode ser conhecido pelos filmes que fez ("Encontro com Homens Notáveis" e "O Mahabarata" são os mais acessíveis no Brasil) ou pelos espetáculos que
montou (sua versão de "Hamlet"
passou por aqui no ano passado).
O achado do documentário
"Brook por Brook - Um Retrato
Íntimo", assinado por seu filho Simon Brook, é desvelar Peter
Brook, o homem. E se o filme nos
faz concluir que por trás do grande encenador está um grande homem, isso não se dá de forma banal, puramente congratulatória.
Simon Brook usa a veia mais
atual e interessante desse gênero,
o retrato pessoal, mas escapa de
suas piores armadilhas (o culto à
personalidade, a intromissão na
intimidade). Estando tão próximo de seu "objeto", ele compreende que homem e encenador
são um só, e que o teatro de Brook
é reflexo indissociável de sua pessoa. Ele sabe quais informações
íntimas são necessárias para compreender melhor a formação de
Peter Brook e sua trajetória profissional, absolutamente singular.
Fica bem claro, ao longo do documentário, que o trabalho de
Brook não se resume a uma coleção de espetáculos ególatras, marca registrada do teatro contemporâneo. Diretor de recursos simples e ultra-sofisticados, ele desenvolve um processo radicalmente humano e democrático,
que resulta numa forma ("amar o
teatro é amar a forma", ele diz, a
certa altura).
É por meio do documentário
que também sabemos, o que acaba sendo mais importante, quem
foi o pai de Peter Brook. Quando
aspirante a cineasta, Peter Brook
também fez um filme sobre seu
pai, que, como o neto, se chamava
Simon. Imagens desse curta-metragem encerram o filme atual.
E é assim que, como todo bom
documentário, "Brook por
Brook" supera o mero retrato em
movimento para se tornar um belíssimo filme sobre a transmissão
de um legado, de geração para geração.
Brook por Brook - Um Retrato Íntimo
Produção: França/Bélgica, 2001
Direção: Simon Brook
Quando: hoje, às 15h, no Cinesesc (r.
Augusta, 2.075, tel. 3082-0213)
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