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DANÇA
Espetáculo "Kit" se equilibra pelos caminhos da alegoria
INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA
"Kit" está aí de novo: encerrando as "Semanas de
Dança" do CCSP, a coreografia da
Wlap reúne o mesmo elenco da
primeira montagem, de 1999, baseada na observação do comportamento dos macacos. Alegorias
por conta e risco de cada um, mas
recomendadas.
Tem um macaco na porta, na
platéia, uma menina e um vendedor de amendoins. Enquanto ela
brinca com o balão no meio do
público, ele tenta, em vão, jogar
com ela. O jogo se inverte quando
o homem do amendoim pega o
balão e a conduz para o palco,
perseguida pelo macaco.
Já em cena, a menina é surpreendida por um grupo barulhento. Com postura corporal encurvada, os braços soltos na frente do corpo e gestos de primatas, o
grupo vai e vem, dando sustos na
menina. Injeções, medições, máscaras: entre o pastelão e a paródia,
no limite do besteirol, as cenas
trazem um "planeta dos macacos" para o palco.
Seguindo a evolução, os macacos passam para um show de calouros, com sua devida dose de
macaquices. Depois disso, lindo
duo de Patrícia Werneck e Luiz
Abreu, ao som de um tango.
O "show" inclui sessão de perguntas e respostas com a platéia.
Distribuição de amendoins, dança de lenços: um clichê sucede ao
outro, até que se autodestrói. Ou
será que não? Será que a simplicidade das denúncias não assume
para si o que o espetáculo mesmo
critica? Alegoria é um gênero delicado: como fazer para que ganhe
força, em meio à leveza? Quem sabe dizer quando um clichê é só
um clichê? Será que o clichê do clichê pode ser visto de fora?
Entre a graça e a gracinha, entre
a comédia e a crítica, o espetáculo
equilibra a dança pelos caminhos
da alegoria. A aposta é perigosa
- e não existe "kit" ideal de construção.
"Kit"
Quando: hoje, às 20h
Onde: Centro Cultural São Paulo (r.
Vergueiro, 1.000, tel. 3277-3611)
Quanto: R$ 4 e R$ 8
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