São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2008

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Após roubo, museu abre exposição com novas doações

Estação Pinacoteca inaugura mostra hoje com obras de Beatriz Milhazes, Carmela Gross, Daniel Senise e outros

As 15 obras da exposição, com duas nunca expostas no Brasil, foram compradas para o acervo da Pinacoteca com doação de R$ 1 milhão

Divulgação
Detalhe de "Moon' (2007), de Beatriz Milhazes, que está na mostra da Estação Pinacoteca

SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

Seis dias depois de homens armados invadirem a Estação Pinacoteca e roubarem quatro quadros, o espaço abre nova exposição. O quarto andar do museu recebe, a partir de hoje, as 15 obras de arte contemporânea adquiridas com a doação de R$ 1 milhão do banco Credit Suisse -o mesmo valor das obras roubadas do museu.
Segundo a Pinacoteca, houve "revisões e aprimoramentos" na segurança, mas não foram especificadas as mudanças. "A gente não pode se dominar por essa questão, isso não pode nos imobilizar", diz o curador do museu, Marcelo Araujo.
Ao contrário dos quadros de valor histórico levados por ladrões -duas gravuras de Picasso, um Di Cavalcanti e um Lasar Segall-, as obras dessa nova mostra pretendem montar um panorama da produção contemporânea do país.
Estão na mostra, agora como peças do acervo permanente da Pinacoteca, obras de Beatriz Milhazes, Daniel Senise, Carmela Gross, Marepe, Rosângela Rennó, Efrain Almeida, Carlos Zilio e Ivan Serpa.
Duas obras, a da mineira radicada em Nova York Valeska Soares e a do baiano Marepe, nunca foram expostas no país.
Soares mostra uma instalação com 122 vasos de alumínio e cera de abelha, que reproduz o terraço de seu apartamento nos Estados Unidos.
"Retrato de Bubu", de Marepe, foi exposta pela primeira vez no Pompidou, em Paris, no chamado Ano do Brasil na França, em 2005. É o retrato do pai do artista ao lado de uma fotografia no mesmo estilo do presidente francês que dá nome ao museu. "É um anônimo ao lado de uma figura histórica, tem a marca da produção do Marepe", lembra Araujo.
Também estão na mostra uma tela de Beatriz Milhazes, que esteve na individual da artista realizada no fim do ano passado na galeria Fortes Vilaça, e outro trabalho em grande formato do pintor Daniel Senise, já exibido pela Vermelho.
"A gente procurou aproveitar essa verba ao máximo, para adquirir obras altamente representativas da produção desses artistas", afirma Araujo. De fato, "Uma Casa", trabalho em néon de Carmela Gross, também de 2007, é típico da pesquisa estética da artista.
Destoam da maioria das obras só os trabalhos de Serpa e Zilio, mais antigos. Araujo explica que o museu já tinha uma obra recente de Zilio, por isso adquiriu um trabalho anterior.
No caso de Serpa, escolheram um trabalho sem título de 1953, da fase concreta do artista, até então ausente do acervo.
O Credit Suisse, banco que fez a doação via Lei Rouanet e também já repassou o mesmo valor ao MAM-SP, sinalizou que vai destinar mais verbas ao museu. "Devem ser mantidas [as doações]. A intenção é continuar nossa proximidade com a Pinacoteca", afirma o diretor administrativo do banco, Odilon Fernandes de Pinho Neto.


ARTE CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA - DOAÇÃO CREDIT SUISSE
Quando:
abertura hoje, às 19h30; de ter. a dom., das 10h às 18h; até 17/8
Onde: Estação Pinacoteca (lgo. Gen. Osório, 66, tel. 3337-0185)
Quanto: R$ 4 (grátis aos sáb.)


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