|
Próximo Texto | Índice
La Mínima estréia comédia rasgada
Versão do clássico "O Médico e o Monstro" tem apresentação hoje para convidados; temporada ao público começa no sábado
O dramaturgo Mário Viana assina o texto inspirado nas adaptações feitas para cinema, televisão e até mesmo desenhos animados
MARIA EUGÊNIA DE MENEZES
DO GUIA DA FOLHA
Tudo aquilo que em "A Noite
dos Palhaços Mudos", último
trabalho da Companhia La Mínima, estava marcado por uma
aura de humor melancólico, recoberto por uma atmosfera
noir, ganha outros matizes em
"O Médico e os Monstros",
montagem que o grupo circense estréia hoje para convidados
e inicia temporada gratuita dia
23, no Teatro Popular do Sesi.
Apenas dois meses separam
o fim da temporada de "A Noite..." -uma adaptação da história em quadrinhos homônima
de Laerte que mereceu quatro
indicações ao Prêmio Shell-,
da estréia deste novo trabalho.
Porém, quem acompanha a trajetória da dupla de palhaços
Domingos Montagner, 46, e
Fernando Sampaio, 43, certamente irá perceber a guinada
da trupe para um tom de comédia mais rasgado e ligeiro,
apoiado nos diálogos e nas
"gags" que permeiam o texto
escrito por Mário Viana.
Voltada para o público juvenil, a peça transpõe para o palco
o romance "O Médico e o
Monstro", do escocês Robert
Louis Stevenson (1850-1894), e
marca a primeira incursão do
grupo, em onze anos de trajetória, por um clássico. "O contraponto entre o equilíbrio apolíneo, representado pelo médico,
e a desmedida dionisíaca, simbolizada pelo monstro, ganha
especial sentido quando desdobrada na dualidade da figura do
palhaço", diz Montagner.
A trama se desenrola em torno do dilema do médico Henry
Jeckyll, que, na tentativa de
isolar o mal, cria uma fórmula
capaz de provocar o surgimento do inescrupuloso e repulsivo
Edward Hyde. Para compor a
adaptação, Viana utilizou não
apenas a obra original, mas
também buscou inúmeras versões da arquetípica história para o cinema, a televisão e os desenhos animados. "Não me
preocupei em ser estritamente
fiel. O mais importante em uma
adaptação é a intimidade com a
obra. Se você mantém uma posição de reverência, não se
apropria daquele texto", diz o
dramaturgo. Outra mudança
em relação ao romance é o
acréscimo de personagens femininas, que também costumam aparecer nas adaptações
cinematográficas. "Ao longo
dos anos, a obra foi perdendo o
seu tom moralista e ganhou
uma leitura mais sensual, mais
sedutora", afirma.
Assinada pelo diretor convidado Fernando Neves (da cia.
Os Fofos Encenam), a encenação subverte a estrutura de suspense própria do livro, e imortalizada em dezenas de filmes
de horror, e traz uma releitura
cômica, na qual as cenas se sucedem com tal rapidez que fazem relembrar o ritmo vertiginoso do vaudeville. "Tínhamos
muito interesse em trabalhar
com o Fernando (Neves) porque queríamos investigar essas
formas de comicidade popular,
essa linguagem do circo-teatro", diz Montagner.
O MÉDICO E OS MONSTROS
Quando: estréia hoje, às 20h, para
convidados (estréia para público dia
23/8, sáb. e dom., às 16h)
Onde: Teatro Popular do Sesi (av.
Paulista, 1313, tel. 3146-7406)
Quanto: grátis
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 12 anos
Próximo Texto: Frase Índice
|