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Abigail Breslin ("Pequena Miss Sunshine") vive Nim no filme de Mark Levin e Jennifer Flackett

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

Quando chegam as férias e com elas os filmes infantis, pais e adultos começam a sofrer com a idéia de terem de enfrentar aquelas ficções movidas a fadas, gnomos ou algum delírio com a Xuxa como protagonista que desafiam a paciência de qualquer um. Só por não se parecer com essas armadilhas "A Ilha da Imaginação" já vale o ingresso.
Baseado no livro "A Ilha de Nim", publicado em 2002 pela escritora Wendy Orr, o filme conta uma história que contém ecos da aventura do personagem Robinson Crusoé, náufrago obrigado a sobreviver sozinho em uma ilha. Só que agora quem enfrenta os perigos é a pequena Nim, uma garota de 11 anos que vive com o pai cientista num refúgio paradisíaco do Pacífico bem longe dos predadores do mundo civilizado.
Viciada em aventuras do herói Alex Rover, personagem de livros que ela recebe a cada vez que um navio os abastece de suprimentos, Nim acaba enfrentando provas tão arriscadas quanto as de seu ídolo quando o pai sai para uma expedição e se perde no mar durante uma tempestade.
No papel de Nim, a sempre simpática Abigail Breslin (de "Pequena Miss Sunshine") rouba a cena na companhia de pequenos e grandes animais capazes de prender a atenção da criançada.
O filme não se resume a estripulias na linha de "Esqueceram de Mim" e outras histórias sobre gente pequena que fica longe dos pais. O roteiro atualiza com habilidade a inevitável chegada de ameaçadores bucaneiros transformando-os em turistas com maus hábitos.
Desse modo, o lugar selvagem deixa de ser descrito como cenário dos perigos, enquanto os verdadeiros riscos aparecem quando as criaturas "civilizadas" se aproximam. Além disso, a vida urbana é associada ainda mais com a idéia de neurose e fobias na personagem da escritora vivida por Jodie Foster, um tanto deslocada como comediante.
A contraposição de dois mundos serve como suporte para o filme veicular valores como o respeito à natureza, a convivência com os animais, a preservação do ambiente e o prazer de ler livros, mas sem parecer que tais ideais lembrem lições de escola.